Uma famosíssima rede de fast food tem veiculado na TV, nas últimas semanas, uma peça publicitária que possui o mote: “Não precisa muito pra viver momentos deliciosos”.
Na propaganda, a marca cita algumas situações que representariam os tais “momentos deliciosos”, como sentir-se em casa ou ter uma festa surpresa, e dá a entender que, nas lanchonetes da rede, o espectador pode ter cada uma dessas vivências por apenas R$ 8, preço do lanche que se quer anunciar.
Cada delicioso momento de R$ 8 é ilustrado com uma cena. Um deles é “sessão de terapia”.
Na tela, duas moças jovens, aparentemente íntimas e muito alegres, conversam animadamente. Deduz-se pelo contexto que estão dividindo lembranças, trocando confidências etc., enquanto degustam o lanche de R$ 8.
É a esse diálogo entre amigas que a propaganda nos leva a crer que dá o nome de “sessão de terapia”.
Não cabe aqui nenhuma crítica específica à marca. É comum ouvir frases como “jogar futebol uma vez por semana é a minha terapia”, “crochê é minha terapia”, “o happy hour de sexta-feira é a minha terapia”.
De fato, há muitas pessoas que referem ocasiões de descontração, relaxamento, de dedicar-se a algo que dá prazer, como “terapia”.
Pois bem (aí sim vai a crítica): não são.
Podem ser hobbies, hábitos, rituais de descarga da tensão acumulada pelos problemas do dia a dia (com trabalho, família, dinheiro).
Mas não são terapia.
A terapia (ou a psicoterapia, de modo particular) é um procedimento que depende de saberes singulares, desenvolvidos pelo terapeuta por meio de uma formação profissional de longa duração, na qual comparecem leituras, pesquisas, atendimentos supervisionados e atividades de cunho pessoal. Envolve um tipo especial de relação, na qual o terapeuta maneja não só seus saberes, mas sua própria sensibilidade, para oferecer ao cliente / paciente atenção e cuidado.
Por tudo isso, a psicoterapia é uma prática profissional de realização exclusiva de duas categorias profissionais: psicólogos, de maneira geral, e algumas especialidades médicas.
Mas a intenção desse texto não é sublinhar a psicoterapia como prática vedada a pessoas que não se enquadram nas categorias profissionais citadas.
O que desejo salientar é que momentos agradáveis (ou mesmo deliciosos), ocasiões de convivência afetiva com amigos e parentes, situações de relaxamento, tudo isso é muito interessante e positivo, mas em nenhum momento se assemelha a uma “sessão de terapia”. Entendo que a propaganda não é feliz no exemplo que utiliza, pois contribui para uma má compreensão que, como disse, já é bastante comum, e tira da psicoterapia muito de sua importância e de seu sentido.
Se deseja saber como a psicoterapia pode contribuir para uma vida mais livre e plena, considere a possibilidade de agendar uma primeira avaliação psicológica GRATUITA.
Para essa e outras dúvidas e informações, entre em contato ou acesse Facebook.com/rodrigogiannangelo.
Rodrigo,
A impressão que tenho de seus textos, é que você traz somente a psicologia como sendo a única psicoterapia possível para tratamento. Mas o que você tem a dizer de formações livres, como: Psicoterapeutas Holísticos, Psicanalistas e etc? Na sua opinião, tais profissionais não são capacitados para exercer tal função?
Olá, Leonardo, bom dia!
No Brasil, a profissão de “terapeuta” não é regulamentada. Isso significa que qualquer pessoa (literalmente), sem nenhuma formação ou preparação específica, pode abrir um consultório e atender…
Por isso, o usuário desse tipo de serviço precisa tomar muito cuidado.
Nesse sentido, a formação em Psicologia me parece o mais efetivo e seguro dos caminhos.
O psicólogo passa por uma formação intensiva que costuma durar 5 anos, entre estudos, estágios curriculares e prática supervisionada.
Cursos livres de formação de terapeutas têm carga horária muito menor. Já soube de alguns que duram um ou dois finais de semana…
Mas, independentemente disso, o que quis dizer no texto foi que “conversar”, “desabafar”, “ter um ombro amigo”, tudo isso é bastante interessante, traz bem-estar, mas não está sequer próximo do que é uma psicoterapia.
Espero ter respondido sua questão. Grato pela leitura!
Abraço
Rodrigo Giannangelo