Contexto
Alguns estudiosos diriam que não há qualquer diferença entre os termos, pois tratam-se ambos de sinônimos dos TPAS – Transtornos da Personalidade Antissocial.
Há especialistas, porém, que defendem a existência de sutis diferenciações no modo como estes sujeitos demonstram seu comportamento antissocial, do ponto de vista da impulsividade, por exemplo, que permitiriam separá-los em dois grupos distintos.
De fato, o termo psicopata foi cunhado e utilizado ao longo do século XIX, no ambiente hospitalar, para designar diversas formas daquilo que costumamos chamar de “doença mental”, mais especificamente quadros psicóticos.
Com o passar do tempo, e o refinamento da terminologia usada em saúde mental, a palavra psicopata ficou mais restrita ao paciente com um transtorno antissocial importante.
Hoje, os termos psicopata e sociopata aparecem em filmes, séries, livros, novelas etc., geralmente ligados ao comportamento criminoso.
Aqui, vamos usar ambos como espectros distintos do que podemos chamar de Transtornos da Personalidade Antissocial (TPAS).

Como é o paciente com TPAS?
Como o nome indica, esse tipo de transtorno se caracteriza, basicamente, por um modo de ser que não tem apego ou respeito pelas regras, normas, ritos e convenções sociais.
Isso não significa, necessariamente, que indivíduos com TPAS são incapazes de conviver em sociedade; ao contrário, muitos deles podem ter uma inserção social quase “normal”.
No entanto, o que define sua condição é o fato de que as interações sociais (e a aparente submissão a normas e convenções sociais, quando ocorre) estão sempre orientadas exclusivamente para sua SATISFAÇÃO PESSOAL. Como dito anteriormente, não há qualquer respeito ou reverência pela regra social EM SI, mas apenas por aquilo que o sujeito pode obter ao respeitá-la (a contragosto).
Os pacientes com TPAS são, portanto, pessoas egocêntricas, para quem o mundo deve sempre servir a seus interesses. Têm grande dificuldade de compreender os sentimentos ou o ponto de vista dos outros.
A desconsideração das regras sociais pode originar comportamentos criminosos, como roubos e agressões.
Estas características costumam se manifestar pela primeira vez ainda na infância, e acompanham o sujeito até a vida adulta.

Psicopatas e sociopatas fazem parte do espectro de TPAS, mas têm algumas diferenças entre si:
Psicopata | Sociopata | |
Relações | Podem ter relações sociais de aparência normal, sendo educados e gentis. Conseguem desenvolver uma boa carreira profissional. Seus laços, porém, não são verdadeiros. Não têm apego. Costumam ser altamente manipuladores. | Podem criar alguns laços com indivíduos específicos, e até mesmo se sentirem culpados por machucar pessoas próximas. Tendem a ser explosivos e violentos. Dificilmente mantém um trabalho estável. |
Impulsividade | Controlados e calculistas | Impulsivos e espontâneos |
Empatia e culpa | Não se importam em ferir ou se aproveitar dos outros | Podem se sentir culpados por ferir pessoas próximas |
Comportamento criminal | Crimes premeditados e bem calculados, como fraudes e estelionatos. Tendem a minimizar as evidências | Crimes de natureza impulsiva. Acabam deixando mais pistas |
Incidência | 1% da população | 4% da população |
Origem | Associada a uma condição inata, possivelmente hereditária | Associada a fatores ambientais que incidem na experiência precoce do indivíduo |
De onde vem o Transtorno Psicossocial?
Essa talvez seja a resposta mais difícil de responder.
O psicólogo Bouchard Jr,, da Universidade de Minnesota, realizou um estudo com gêmeos onde encontrou 60% de participação da hereditariedade na psicopatia.
Esta função biológica ainda não está bem estudada, mas estariam envolvidas áreas cerebrais como o córtex pré-frontal (Anderson et al, 2000), e a Amídala (Kiehl, 2001).
Por outro lado, se a biologia ainda busca respostas precisas, a participação do desenvolvimento psicossocial ainda é um mistério quase absoluto.
Muito já se falou sobre a ocorrência de abusos e negligência na primeira infância de sujeitos psicopatas e sociopatas, mas há um número ainda maior de pacientes com estes transtornos que tiveram uma infância absolutamente livre de problemas desse tipo.
Alguns medicamentos utilizados nesses pacientes são os neurolépticos, antidepressivos, lítio, benzodiazepínicos, anticonvulsivantes e estimulantes. Porém, o sucesso do tratamento não é garantido em todos os casos.
Em termos psicoterapêuticos, há indicativos de que a terapia cognitivo-comportamental possa ser um método eficaz no tratamento de transtornos de personalidade antissocial.
O estudo e as possibilidades de tratamento são limitados devido a um fato muito cruel: na maioria das vezes, essas pessoas só chegam a profissionais de saúde após cometerem crimes terríveis.
Depois de ler esse conteúdo, você acha que é capaz de identificar se os personagens abaixo se encaixam em uma das classificações dos TPAS? Se sim, são psicopatas ou sociopatas?
Comente com suas percepções, aqui no Blog ou nas redes sociais!
- Coringa (do filme de 2019)
- Hannibal Lecter (do filme O silêncio dos Inocentes)
- Norman Bates (do filme/série Psicose)
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Anderson, S.W. et al. (2000) Long-term sequelae of prefrontal cortex damage acquired in early childhood. Dev. Neuropsychol. 18, 281–296
Kiehl, K.A. et al. (2001) Limbic abnormalities in affective processing by criminal psychopaths as revealed by functional magnetic resonance imaging. Biol. Psychiatry 50, 677–684
Muito bom conteúdo!
Arrisco:
Coringa – sociopata
Hannibal – psicopata
Faz bastante sentido!
Coringa – sociopata (mais impulsivo e espontâneo)
Hannibal – psicopata (calculista, manipulador)
Grato pela leitura e pelo comentário!