
Costumamos definir personalidade como um conjunto de características psíquicas, mais ou menos constantes, cuja expressão comportamental permite identificar uma pessoa. Em outras palavras, é a maneira própria de um sujeito pensar, falar, perceber, se relacionar etc.
Quando nos referimos a um transtorno de personalidade, estamos diante de características que implicam um estar-no-mundo marcado pelo sofrimento psíquico e/ou pela desadaptação social.
COMPREENSÕES TEÓRICAS POSSÍVEIS
O Transtorno de Personalidade Borderline – TPB se manifesta pelas extremadas impulsividade e instabilidade.
Humores, afetos, desejos, vínculos interpessoais, autoimagem, tudo é inconstante. As respostas do sujeito a situações de vida comumente parecem exageradas e desproporcionais.
Como nos aponta Yontef (1998), na história de vida do sujeito com TPB, parece sempre haver um problema de abandono, o que faz com que ele deseje e, ao mesmo, tenha muito medo de se relacionar.
Os relacionamentos interpessoais são inicialmente vistos com desconfiança. Quando o sujeito decide se lançar à relação, sua falta de consciência de limites (de si mesmo e do outro) o faz confundir-se/misturar-se. Nessa situação, o borderline se assusta, como se estivesse a ponto de ser “engolido” pelo outro, levado para um “nada” existencial. Então, ele ataca agressivamente o outro, fantasiando que possa destruí-lo. Assim que faz isso, porém, volta a sofrer pela sensação de abandono.
A desconsideração das fronteiras de contato existencial se dá nas dimensões espacial e temporal. Por isso, outro traço do modo de ser do sujeito borderline é viver um presente exacerbado, em que passado e futuro não fazem sentido. O tempo se estende diante dele como algo infinito, e que não passa.
Dessa breve exposição resta claro que o sujeito borderline tem seu próprio ser como questão mal resolvida, não no sentido existencial típico, enquanto tarefa a ser realizada enquanto viver, sempre à frente de si, mas como confusão.
Teorias psicanalíticas corroboram para esta compreensão. Hegenberg (2007), por exemplo, descreve o borderline como alguém com angústia de separação (dificuldade de se separar do outro), problemas de identidade, clivagem (dificuldade de ver a si mesmo e ao mundo como um todo ambivalente, com características boas E más), narcisismo acentuado (ênfase nas próprias necessidades e desejos), agressividade e impulsividade.

SINTOMAS
Antes de descrever os sintomas, é importante dizer que o TPB pode começar a se manifestar na adolescência ou no início da vida adulta. Os pais e outros responsáveis podem se atentar para a ocorrência de certas características que são indício do transtorno, tais como: comportamento exageradamente impulsivo / agressivo, automutilações; grande dificuldade para manter relações interpessoais, marcadas pelo medo de abandono; grandes oscilações de humor em pouco tempo; presença de crenças como “não mereço ser amado”; confusão quanto a identidade, sentimentos e valores próprios.
De modo geral, podemos resumir os principais sinais do TPB entre os seguintes:
• Grande medo de ser abandonado, real ou fantasiado, e consequentes esforços para evitá-lo;
• Relações intensas e instáveis com familiares, amigos e parceiros amorosos, podendo transitar da extrema proximidade (idealização) à raiva;
• Autoimagem confusa e instável;
• Comportamentos impulsivos, como compras, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente e compulsão alimentar;
• Ideações ou tentativas de suicídio, e/ou comportamentos de automutilação, como cortes, beliscões e outras agressões ao próprio corpo;
• Humor que varia de maneira notável, em pouco tempo;
• Sensação de vazio;
• Raiva intensa ou desproporcional; muitas vezes, explosiva/impulsiva;
• Pensamentos paranoicos;
• Sintomas dissociativos, como sentir-se fora do corpo.
COMO TRATAR

O TPB costuma ser visto como um transtorno difícil de se tratar.
Tal compreensão se deve ao fato, já exposto acima, de que o borderline tem dificuldade para se relacionar, e para manter-se estável num relacionamento.
Porém, hoje se sabe que a habilidade do profissional de saúde mental, aliada ao apoio de familiares saudáveis, e ao desejo do próprio paciente, podem promover grandes mudanças no quadro, permitindo um incremento bastante importante na qualidade de vida.
A psicoterapia é o tratamento de escolha para o TPB.
Em alguns casos, medicamentos podem ajudar a tratar sintomas específicos, como mudanças de humor, depressão ou outros distúrbios que podem ocorrer com o transtorno. Medicamentos também podem ser particularmente importantes quando há risco de suicídio e automutilação.
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REFERÊNCIAS
Bin, Kimura (1998). Fenomenologia da depressão estado-limite. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 1 (3).
Hegenberg M. Borderline. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007
Yontef, G. M. (1998). Processo, diálogo e awareness. São Paulo: Summus.
Caramba que texto sobre TBD. Parabéns.
Obrigado pelo carinho!