Antes de compreender projeção como mecanismo de defesa de um ponto de vista geral, vamos a um exemplo.
Certa vez, atendi um homem extremamente ciumento.
Casado, ele aborrecia a esposa com todas as características clássicas do ciúme excessivo: controlava como ela se vestia, com quem falava, aonde ia etc.
O medo de ser traído era constante e intenso.
Depois de algum tempo na terapia, ele começou a me contar sobre os diversos casos extraconjugais em que ELE já havia se envolvido…
Ou seja, o medo de ser traído pela esposa era uma forma de projeção.
Mas, o que exatamente é projeção? Como ela funciona? O que você pode fazer para reconhecer suas projeções, e para se defender das projeções de alguém sobre você?

Projeção: que mecanismo de defesa é esse?
Pense em como funciona um cinema.
Há uma grande tela na sua frente, na qual você assiste ao filme.

No entanto, o filme não vem da tela em si, mas de um projetor, que lança as imagens na tela.
O mecanismo de defesa conhecido como projeção também é assim: alguém pega algo seu e “joga” em outra pessoa (tela). Com isso, passa a ver aquilo fora de si, como se não fosse mais seu, mas da pessoa/tela em quem projetou.
Vale ressaltar que, geralmente, as pessoas projetam nos outros sentimentos que não querem admitir em si mesmos. Em outras palavras, os conteúdos projetados são quase sempre coisas de que a pessoa quer se livrar.
A projeção é um mecanismo que utilizamos sem perceber (inconsciente). Por isso, acreditamos genuinamente que nosso problema pertence à outra pessoa.
Lembra o exemplo do marido ciumento, no começo desse texto? Por incrível que pareça, levou tempo para ele perceber que não tinha qualquer motivo para duvidar da fidelidade da esposa, pois o incômodo que sentia era projeção de sua própria infidelidade…
Por que é tão difícil admitir que estamos errados?
Racionalmente, muitos de nós concordamos que admitir os próprios erros é sinal de maturidade e disposição a aprender com os próprios erros. Por outro lado, sabemos também que esconder os defeitos nos faz parecer teimosos e inflexíveis.
No entanto, na prática, algo em nós dificulta essa admissão de que estamos errados.
Aqui estão alguns motivos para isso:
– Preservação de autoimagem
Há pessoas que se veem como o herói de uma história. Nas histórias, o herói é uma pessoa sem fraquezas e que nunca está errado.
Nesse sentido, admitir as próprias falhas vai contra essa imagem de si como alguém quase perfeito.
– Somos naturalmente defensivos
A defensiva é algo enraizado nos humanos.
Quando nossos ancestrais viviam em tribos, enfrentavam inúmeros perigos, e tiveram que aprender a se defender de todas as formas possíveis.
– Somos orgulhosos
Admitir falhas pode ameaçar o senso de orgulho e reputação de algumas pessoas, como se as tornasse menos admiráveis, respeitáveis.

Ações ligadas à Projeção
Bullying. Muitos “valentões” são inseguros e escolhem as vítimas para atormentar porque percebem nelas suas próprias falhas em você. Ou seja, se irritam em ver no outro aquilo que não admitem em si mesmos.
Culpar a vítima. Por exemplo, a vítima de um roubo residencial pode ouvir que a culpa é dela, que não tinha alarme em casa. Ou uma vítima de abuso sexual pode ser culpada porque estava vestindo roupas “provocantes”.
Como lidar com alguém que está projetando
Se alguém projeta emoções em você, como lidar com a situação?
Primeiro, é importante não validar o que o “projetor” diz. Se ele consegue fazer você acreditar que o problema está em você, se sente vitorioso, o que reforça esse comportamento.
Se alguém está projetando inconscientemente e quer mudar, é possível conversar a respeito. No entanto, se não for esse o caso, é melhor que essa tarefa seja reservada para um profissional. Sem preparo, você pode acabar fazendo mais mal do que bem.
Como deixar de projetar?
Trabalhar autoconsciência e autoconhecimento são os primeiros passos para enfrentar o problema.
Pense nos argumentos que você usa quando projeta. Do que você acusa a outra pessoa? De que forma o que você diz também pode se aplicar a você?
Ciente dos sentimentos que está projetando, você pode descobrir como pode lidar com suas falhas. Por exemplo, se você projeta raiva, deve procurar formas de trabalhar a raiva.
Aqui estão outras sugestões:
– Autorreflexão: Pense, sem crítica ou julgamento. Por que você tende a se livrar de sentimentos em situações desconfortáveis?
– Fale com outras pessoas: Converse sobre isso com alguém que seja aberto e compreensivo. Tenha em mente que você deve ouvir coisas que podem deixá-lo incomodado.
– Comece a se responsabilizar: Uma das intenções da projeção é evitar assumir responsabilidades. Quando você aceita sua responsabilidade, inclusive por suas falhas e escolhas erradas, não precisa mais projetar.
Projeção: últimas perguntas
– Como se parece o mecanismo de defesa de projeção?
Se você se irrita e continuamente critica alguém por uma determinada característica, essa característica pode ser (também) sua.
Você pode acreditar que alguém não gosta de você, mas é você que não gosta dessa pessoa.
– Qual origem da projeção na psicologia?
Projeção é um conceito criado na década de 1890 por Sigmund Freud, médico e “pai” da psicanálise. A projeção é usada por ele em várias ocasiões para explicar a atitude defensiva de atribuir impulsos indesejados a outra pessoa.
CONTEÚDO RELACIONADO – PROJEÇÃO:
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CRP-SP 56201
Um comentário em “PROJEÇÃO: A CULPA É MINHA, EU COLOCO EM QUEM EU QUISER”