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VIÉS COGNITIVO: 6 MOTIVOS POR QUE FAZEMOS ESCOLHAS SEM SENTIDO

Um VIÉS COGNITIVO ocorre quando nossa mente pega uma espécie de “atalho”.

Em vez de pensar considerando os dados da situação ATUAL, a mente usa padrões baseados em percepções ANTERIORES, que distorcem o julgamento.

O resultado disso são escolhas que contradizem a lógica e a racionalidade. Ou seja, decisões que não levam em conta a realidade.

Desde a década de 1970, a ciência vem identificando dezenas de vieses cognitivos que influenciam nosso discernimento.

Estão listados abaixo seis destes vieses, que se encontram entre os mais citados e estudados por psicólogos, neurocientistas, economistas e outros profissionais das ciências humanas e sociais.

1. Viés cognitivo de confirmação

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Uma vez que desenvolvemos uma crença, tendemos a olhar a realidade de forma seletiva, buscando e considerando os elementos que confirmam essa crença, e fugindo daqueles que a desmentem.

Quando nos comunicamos com pessoas que têm ideias semelhantes às nossas e reafirmam nossa visão de mundo, nos sentimos confortáveis. Por outro lado, o contato com pessoas com ideias opostas e contraditórias em relação às nossas nos deixa incomodados.

Não escutamos os argumentos do lado oposto de forma isenta e racional. Ao contrário, prestamos atenção aos indicadores que nos ajudam a mostrar que estamos certos.

Em outras palavras, quando usamos o viés de confirmação, só ouvimos o que queremos ouvir.

2. Viés cognitivo de ancoragem

Há um ditado que diz: “a primeira impressão é a que fica”. Pois esta é uma boa definição para o viés de ancoragem.

Dito de outra maneira, as primeiras informações que recebemos sobre determinado assunto ou situação influenciam nossas opiniões e crenças com mais força.

Por exemplo, vemos uma televisão à venda por R$ 1 mil e achamos cara demais. Mas, então, o vendedor anuncia que há um desconto, e ela sairá por R$ 700. Agora, achamos que será um bom negócio, mesmo que o produto ainda esteja caro.

Alguns restaurantes colocam preços excessivamente altos nos itens que aparecem primeiro no cardápio, e com isso dão a impressão de que os pratos que aparecem depois, mais baratos, têm um preço muito mais conveniente, mesmo que isso não seja verdade.

Quando não temos todos os dados para analisar uma situação e precisamos tomar decisões rápidas, o uso dessas “âncoras” ajuda a otimizar nossos processos mentais. Contudo, nos coloca sob risco de escolhas irracionais.

Ao nos ancorar no primeiro dado que recebemos, o viés de ancoragem também pode nos impedir de checar depois com outras fontes confiáveis se a informação é realmente verdadeira.

3. Viés cognitivo da disponibilidade

O viés da disponibilidade faz com que vejamos as coisas que se aproximam de nós como mais “reais”, frequentes e verdadeiras.

Por exemplo, se temos dois ou três membros da família que sofreram um acidente de carro recentemente, podemos pensar que estão ocorrendo mais acidentes de trânsito, mesmo que os dados mostrem exatamente o contrário, ou seja, uma redução.

Uma vez que vivenciamos casos próximos, podemos deixar de dar atenção aos dados estatísticos / científicos.

Algo semelhante tem ocorrido frequentemente nessa pandemia.

Uma pessoa desconsidera os cuidados recomendados pelas autoridades de saúde, mas não adoece. Ela pode pensar que, portanto, o risco de contágio é pequeno, embora os cientistas digam o contrário.

Em resumo, esse viés nos faz estimar a probabilidade de que algo aconteça com base na disponibilidade de exemplos que conhecemos pessoalmente.

4. Viés do presente

O viés do presente nos faz dar extrema importância ao que está acontecendo agora e não pensar no futuro.

Este viés pode se manifestar em comportamentos como comer e beber (em excesso ou sem qualidade), fazer sexo sem proteção, gastar dinheiro etc.

Há pessoas que têm mais dificuldade em esperar por uma gratificação. Para elas, a satisfação imediata costuma prevalecer sobre os outros argumentos.

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5. Viés egocêntrico

Ocorre quando as pessoas se veem responsáveis pelo que dá certo, mas não pelo que dá errado. Assim, sentem-se merecedoras de seu sucesso, e culpam outras coisas ou pessoas por seus fracassos.

Este viés ajuda a proteger a autoestima, mas também pode nos levar a projetar nossas deficiências nos outros.

6. Efeito chamariz

O efeito chamariz é um viés muito utilizado na área de vendas.

Por exemplo, imagine que você vai comprar pipoca no cinema, e lhe oferecem 3 possibilidades de tamanho: pequeno, médio e grande.

A pipoca pequena custa R$ 8, a média, R$ 10, e a grande R$ 10,50.

Como a diferença entre os valores é muito pequena, você já acabou optando pela opção maior e mais cara?

Se sua resposta foi positiva, você foi pego pelo efeito chamariz.

Neste caso, a lanchonete deliberadamente apresentou a você uma opção pouco atraente (o tamanho médio) para fazer com que o tamanho maior (e mais caro) pareça compensar muito mais.

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Pode parecer que nossa tendência a tomar decisões ilógicas seja apenas um grande problema com o qual temos que lidar, mas o fato é que todos os vieses também desempenham um papel importante em nossos processos mentais.

Vieses nos ajudam a viver em um mundo no qual nem sempre todas as informações estão disponíveis, e onde somos cobrados a decidir o tempo todo, por vezes muito rapidamente.

A questão é não permitir que nossas vidas e nossas escolhas mais importantes sejam dominadas por decisões sem lógica. Para isso, o autoconhecimento é fundamental.

Estando cientes de nossos próprios vieses, conseguimos perceber quando os estamos utilizando (ou prestes a utilizar), e podemos decidir evitá-los.


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