Antes de falar sobre o tal “bajulador psíquico”… o site Origem da palavra explica que o significado de “bajulador” tem ligação com o termo “puxa-saco”:
Puxa-saco parece vir da época do Brasil Colônia, quando os oficiais do Exército, ao serem transferidos para outra cidade, chegavam levando os seus pertences num saco de pano. Quando estavam procurando um lugar para pousar, sempre aparecia alguém querendo pegar o saco para ajudá-los, de olho na gorjeta ou em qualquer benefício.
(…) existem aos montes. Inclusive têm vários nomes. Por exemplo, bajulador, que curiosamente – ou não – se liga também ao ato de levar bagagem alheia. Essa palavra vem do Latim bajulare, de bajulus, “o que leva a carga para outro, mensageiro.
Em https://origemdapalavra.com.br/artigo/puxa-sacos/.
O termo “bajulador psíquico” não existe na literatura psicológica. É minha tradução livre (e informal) para o “people pleaser”, este sim bastante utilizado na língua inglesa.
Um “bajulador psíquico” é alguém que faz uso de certos comportamentos para agradar/bajular o outro. São exemplos de comportamentos desse tipo dizer sempre ‘sim’, fazer favores e elogios, concordar com tudo etc.
Mas, diferentemente do que pode parecer, o objetivo não é nada altruísta. De fato, o que o “bajulador psíquico” quer é induzir o outro a satisfazer seus desejos psíquicos.

Bem, você não vai atingir seus objetivos se tentar agradar todo mundo, o tempo todo. No final, vai restar a insatisfação de não ter realizado os próprios desejos, além da sensação de que nem valeu a pena, porque dificilmente se consegue uma retribuição “justa” para tanta dedicação ao outro.
Digo isso porque já vi incontáveis casos assim em meu consultório.
E dessa experiência também consigo dizer que a tendência a agradar pessoas não é, em si, o problema, mas sintoma de uma questão mais profunda.
A ânsia de agradar pode estar ligada a questões de autoestima. Ao colocar-se a serviço do outro e dizer sempre sim essas pessoas buscam aceitação e consideração.
Outras pessoas desenvolvem essa característica após um histórico de maus tratos ou de instabilidade na presença e na atenção vinda dos primeiros cuidadores. De modo semelhante aos sujeitos de autoestima precária, acreditam que agradar é a melhor maneira de buscar o amor daqueles que os maltrataram.
A evolução desse padrão de comportamento costuma se enraizar de tal modo que acaba por se tornar um traço de personalidade, presente em todas as situações de vida.

Abaixo, estão listados 10 sinais de que você pode estar se esforçando demais para agradar as pessoas com quem convive:
1. Você finge concordar com as pessoas
Respeitar as opiniões dos outros – mesmo quando você discorda – é uma habilidade social. Porém, esconder sua opinião e fingir concordar com a do outro para tentar ser aceito é sinal de alerta (e você ainda pode se envolver em situações que vão contra seus valores).

2. Você se sente responsável pelo modo como as outras pessoas se sentem
É legal reconhecer que seu comportamento influencia pessoas. Mas sentir que tem o poder de fazer alguém feliz ou infeliz costuma ser um grande problema.
3. Você pede desculpas muitas vezes
“ – Você pede desculpas demais, precisa parar com isso”
“- OK, desculpa…”
Se você se culpa excessivamente, ou teme que outras pessoas culpem, frequentes pedidos de desculpas podem ser sinal de problema maior.
Não precisa se desculpar por ser você.

4. Você se sente sobrecarregado de tarefas
Como você gasta seu tempo?
Se você é um “bajulador psíquico”, há uma boa chance de que você passe muito tempo em atividades que acha que outras pessoas querem que você faça.

5. Você não consegue dizer ‘não’
Se você sempre diz ‘sim’ porque tem receio que o ‘não’ desagrade e afaste pessoas de você, é provável que seja um “bajulador psíquico”.
6. Você se sente muito desconfortável se alguém lhe faz uma crítica
Para o “bajulador psíquico”, a crítica é entendida como sinal de que ele fracassou em sua busca por sempre agradar. Por isso, é recebida com grande insatisfação e gera sensação de decepção consigo mesmo.
7. Você se comporta conforme as pessoas que estão ao seu redor
Em vez de mostrar sua personalidade de modo autêntico, o “bajulador psíquico” tende a imitar os comportamentos das pessoas ao seu redor, acreditando que assim será mais bem aceito. Há, inclusive, estudos que mostraram que os “bajuladores” são capazes de se envolver em comportamentos autodestrutivos, se acharem que isso fará com que os outros se sintam mais confortáveis em situações sociais.
8. Você precisa de elogios para se sentir bem
Elogios e palavras gentis costumam fazer bem a qualquer pessoa. Mas a importância disso para o “bajulador psíquico” vai além: seu bem estar e sua autoestima dependem inteiramente dessa validação.

9. Você evita conflitos a todo custo
A maioria de nós não aprecia conflitos. Mas o “bajulador psíquico”, para evitá-los, é capaz de deixar de dizer o que pensa, contrariar seus valores, defender ideias nas quais não acredita etc.
10. Você não admite quando algo lhe desagrada
Mesmo pessoas que gostam de você podem dizer ou fazer coisas que lhe desagradam. Em um relacionamento autêntico, as partes devem estar dispostas a falar sobre isso.
Negar que você está contrariado, com raiva, triste ou desapontado é uma violência contra si mesmo, além de ser um comportamento que mantém os relacionamentos superficiais.
O QUE FAZER PARA SE LIVRAR DESSES COMPORTAMENTOS – bajulador psíquico?

Como dito no começo do texto, os comportamentos do “bajulador psíquico” costumam ter origem em situações bastante enraizadas de nossa história de vida. Por isso, a psicoterapia sempre é a ferramenta mais indicada para a mudança.
Porém, algumas dicas podem ajudar a diminuir o problema, trazendo alguma sensação de alívio.
Por exemplo, existem várias situações em que é interessante impressionar alguém e mostrar-se disponível e agradável. Contudo, ser visto como subserviente costuma ter o efeito contrário.
Não esqueça: você nunca alcançará seus próprios objetivos se tentar ser tudo para todas as pessoas.
Comece a treinar a dizer ‘não’, fazendo isso com algo pequeno, sem grande importância.
Expresse sua opinião, principalmente se ela for diferente da opinião do grupo, também começando por algo simples.
Cada passo dado vai lhe ajudar a ganhar confiança para os próximos passos.
REFERÊNCIAS (BAJULADOR PSÍQUICO):
– Exline, Julie & Zell, Anne & Bratslavsky, Ellen & Hamilton, Michelle & Swenson, Anne. (2012). People-Pleasing Through Eating: Sociotropy Predicts Greater Eating in Response to Perceived Social Pressure. Journal of Social and Clinical Psychology. 31. 169-193. 10.1521/jscp.2012.31.2.169.
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