“ERROS AO CONVERSAR” PODEM SER COMPREENDIDOS À LUZ DA PSICOLOGIA

Você está falando com alguém sobre um filme que ambos amaram. Mas, tudo que você diz, ele contraria, argumentando que você talvez não tenha entendido corretamente a mensagem.
Você encontra uma amiga de longa data e pergunta como ela está. Ela responde falando sem parar por 15 minutos, não deixando você fazer uma pergunta ou comentário.
Quando conversas não saem como gostaríamos, costumamos culpar a pessoa com quem estamos falando, ou a nós mesmos.
Em vez de procurar culpados, é preciso compreender que certos estilos de interação são desenvolvidos ao longo de nossa história de vida, e tornam-se hábitos de conversação que podem ser interpretados como estranhos, egoístas etc.

Por exemplo, alguém que foi muito ridicularizado na infância por ter “língua presa”, gagueira ou outra questão de fala pode adotar um estilo de interação silencioso por segurança.
Assim, podemos compreender certas conversas incômodas como reveladoras de códigos de convivência aprendidos pelos sujeitos há muito tempo. Ou seja, se alguém nos interrompe constantemente, fala coisas constrangedoras ou quase não fala nada, antes de pensar “ora, que pessoa mal educada!”, podemos nos perguntar “por quê?”.
Talvez esse “prepotente” tenha aprendido há muito tempo, e da maneira mais difícil, que só deveria fazer comentários certeiros, ou seria humilhado. Talvez aquele que interrompe a fala dos outros tenha descoberto que, desde a infância, precisava “forçar a barra” para ser notado e conseguir se expressar.
Enfim, o que pensamos serem erros ao conversar podem ser compreendidos, à luz da Psicologia, como manifestações de aprendizagens ocorridas ao longo de uma história de vida,
ERROS AO CONVERSAR vs. EMPATIA
Compreender como funcionam alguns dos erros mortais em uma conversa pode enriquecer os encontros. Para isso, a empatia tem papel preponderante.
Abaixo, listo 6 desses erros, com possíveis formas alternativas de compreensão.
1. “O gato comeu sua língua?”

Pessoas muito silenciosas, que resistem a todos os esforços para enturmá-las, engajá-las ou diverti-las podem não se sentir merecedoras de conversar com quem quer que seja. Talvez temam o julgamento, temam parecer estúpidas. Talvez tenham sido violentamente silenciados, desenvolvendo a crença de que ninguém aprovaria ou compartilharia seus gostos ou opiniões.
2. “Que chato!”

Pessoas cuja conversa se baseia em comentários banais, superficiais, triviais — “Esfriou hoje!”, “Parece que vai chover!” — podem ter crescido em lares com relações conflituosas, com muita agressividade. Talvez, para eles, o diálogo seja visto como perigo, de modo que apenas as comunicações mais brandas pareçam seguras.
3. “Nem tudo gira em torno do seu umbigo”

Aqueles que falam apenas (e muito) sobre si mesmos, como se nada mais interessasse, podem sofrer de um transtorno de personalidade cujas características incluem uma fixação sobre si mesmo. Ou talvez vivam tão isolados que qualquer interação lhes parece um alívio raro, que não querem desperdiçar.
4. Procurando confusão

Transformar todas as conversas em discussões — enfatizando discordâncias, interrompendo o outro e emitindo outras agressões — ajuda algumas pessoas inseguras a melhorar sua autoestima. São casos em que essas dinâmicas interativas conflituosas permitem que essas pessoas se sintam mais fortes e inteligentes, possivelmente por terem visto essa relação de poder acontecer em seus lares de origem.
5. O monotemático

Alguém que volta sempre ao mesmo tema, aparentemente incapaz de discutir qualquer outra coisa, pode ter aprendido a encontrar alguma forma de alívio psicológico apenas nesse assunto. Talvez “futebol ou “carros” fossem as únicas coisas que despertavam seu interesse em momentos depressivos, quando o desinteresse era quase total.
6. Tenho más notícias

Alguém que, numa conversa, costuma responder palavras alegres e positivas com negatividade, pode sofrer de medo, ansiedade ou depressão de forma tão profunda que nem percebe que suas observações pessimistas ferem.