
O ser humano pode sentir ansiedade porque tem a capacidade de imaginar um futuro.
A ansiedade é um estado mental de apreensão sobre o que pode ou não acontecer. Ou seja, ansiedade é incerteza sobre a vida futura – em relação à saúde, ao trabalho, à vida amorosa etc.
Ela pode ser desencadeada por eventos concretos, como uma entrevista de emprego próxima, ou construída internamente, por ameaças fantasiadas.
Ataques ocasionais de ansiedade são totalmente normais; a ansiedade nos alerta para o perigo e nos instiga a nos proteger.

Às vezes, porém, as preocupações se intensificam ou persistem a tal ponto que prejudicam nossa própria capacidade de funcionar e resolver problemas.
Qualquer coisa pode ser gatilho para a ansiedade, ou nada em particular – apenas um senso generalizado e vago de pavor ou infortúnio. Com o tempo, algumas pessoas ficam tão sensíveis à ansiedade que percebem ameaça em quase tudo.
1. O estresse causa ansiedade?
Ansiedade e estresse estão intimamente relacionados.
A ansiedade é uma reação ao estresse; é uma sensação de alerta gerada como resposta a uma ameaça mental ou física, posta em movimento pelo sistema de resposta ao estresse (lutar ou fugir).

Quando nos sentimos expostos ao perigo, antes mesmo que possamos fazer uma avaliação consciente da situação, nosso corpo difunde sinais de alerta químicos, como o cortisol e a adrenalina, tentando nos preparar para uma ação de defesa e preservação.
2. Por que as taxas de ansiedade estão aumentando?

A ansiedade em suas diversas formas – incluindo fobias e ansiedade social – é o transtorno de saúde mental mais comum no Brasil. Desde 2017, temos o maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo. Antes da pandemia, já eram quase 19 milhões de brasileiros com a qualidade de vida comprometida. E o coronavírus agravou essa situação. Pesquisa conduzida em 2020, pelo Ministério da Saúde, encontrou preocupantes 86,5% dos entrevistados em situação de ansiedade patológica.
O cenário de incertezas – econômica, de saúde, de trabalho – é o grande responsável.
As mídias sociais também são apontadas por seu efeito potencialmente devastador, especialmente sobre os mais jovens, por incentivarem a comparação social e a competitividade, aumentando a insegurança e precarizando a autoestima.
3. Qual a diferença entre medo e ansiedade?

Ansiedade e medo têm semelhanças, tanto na origem, quanto na manifestação. Porém, diferem em pontos importantes.
Enquanto o medo é uma resposta focada, ligada a uma coisa ou circunstância específica, a ansiedade é tipicamente mais difusa, colocando em movimento a necessidade de vigilância constante na antecipação de uma calamidade desconhecida.
Socialmente, o medo tem um componente contagioso. A ansiedade é altamente subjetiva.
4. A ansiedade pode ser boa?
Os mecanismos envolvidos na ansiedade permitiram que nossos ancestrais sobrevivessem. A ansiedade surge em resposta à percepção de uma ameaça, como um alarme, para que o organismo possa tomar as medidas apropriadas para afastar o possível perigo. Logo, a ansiedade tem a função de proteger.
Porém, o sistema que a controla é programado para errar por precaução e por excesso, e é por isso que, às vezes, nos sentimos ansiosos mesmo na ausência de uma ameaça real. A sensibilidade do “alarme” pode ser reajustada, por exemplo, após uma experiência traumática, para que ele esteja sempre ligado.

5. Quem é mais propenso à ansiedade?
Pessoas propensas à depressão clínica também são mais vulneráveis à ansiedade clínica. Ambas costumam trazer histórias de experiências adversas na infância. Essas experiências negativas podem alterar o sistema de estresse, tornando-o hipersensível ao perigo e reagindo com uma chuva de sinais de alarme que sobrecarregam a capacidade de processamento do sujeito.
Ainda do ponto de vista clínico, um traço de personalidade neurótico também é fator de risco para ansiedade patológica. O neuroticismo agrava a tendência a responder exageradamente a experiências estressantes e a perceber ameaças onde elas não existem.
6. O que acontece no cérebro do ansioso?
Estudos utilizando exames de imagem mostram de forma confiável mudanças na função cerebral entre pacientes com ansiedade crônica, envolvendo disfunção de conectividade entre áreas do cérebro que atuam juntas para orquestrar respostas emocionais.

Em circunstâncias normais, a região cerebral conhecida como amígdala detecta ameaças e envia sinais para muitas partes do cérebro. Imediatamente, o sistema de resposta ao estresse é acionado, preparando o corpo para a ação. Por outro lado, sinais viajam até o córtex pré-frontal – o chamado cérebro pensante – onde a ameaça pode ser avaliada e, se necessário, ações podem ser planejadas para lidar melhor com a situação.
Na ansiedade, muitas vezes a amígdala exagera no envio de sinais, sobrecarregando a capacidade do córtex de avaliar e gerenciar qualquer ameaça, por mais remota ou hipotética que seja.
RECADO PARA VOCÊ
A pandemia tem afetado o bem-estar de muita gente.
Ansiedade, estresse, medo e pessimismo estão entre os incômodos mais comuns.
Estudos preveem que esses sintomas podem trazer consequências negativas até muito tempo depois que a pandemia terminar.
Portanto, se você não estiver se sentindo bem, procure apoio psicológico.
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