Como o passado influencia no presente: repetir ou remediar?
Palavras-chave: Como o passado influencia no presente; escolha de parceiro; namoro
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 16 de outubro de 2021

Há alguns dias, uma paciente me contou durante uma sessão que achava que o casamento de seus pais não era uma relação feliz.
“Não sei dizer se eles se amam. Acho que ficaram juntos por nós [os filhos]. Afundaram as cabeças no trabalho e se conformaram”.
Já seria uma constatação incômoda, mas havia um detalhe que piorava tudo: a atual relação amorosa dela não é melhor que isso. Vivem juntos há 10 anos, têm dois filhos, empregos estressantes e muitas discussões por assuntos corriqueiros. Suas vidas são agitadas e repetitivas como uma roda de hamster.
Ela confessou com tristeza que já se viu dizendo ao parceiro e aos filhos algumas das mesmas coisas que sua mãe dizia.
E terminou sua reflexão com a pergunta: “Será que meu destino é repetir meu passado?”
Afinal, como o passado influencia no presente?

COMO A INFÂNCIA NOS ENSINA SOBRE O AMOR
Nossas famílias de origem são nosso maior modelo de relacionamento – mesmo quando não queremos.
As experiências que temos na infância, e os padrões que ali se configuram, afetam nossas relações adultas de modos que muitas vezes não percebemos. Em meio a essas precoces situações de vida, podemos acabar associando “amor” a outras formas de emoção muito mais – digamos – confusas.
Quanto mais nos tornamos conscientes e entendemos essas influências iniciais, mais bem preparados estamos para usá-las de maneiras que ajudem — em vez de prejudicar — nossas relações adultas. Ou seja, nos tornamos mais aptos a decidir se repetimos ou remediamos o que aprendemos ou acreditamos ser verdade.
Aqui estão as influências que julgo serem as principais:
1. QUEM VOCÊ ESCOLHE COMO PARCEIRO(A)
Você já deve ter ouvido em algum lugar que escolhemos parceiros parecidos aos nossos pais.
Podemos dizer que essa ideia é válida, mas não necessariamente no sentido de copiar as características de uma pessoa, e sim no de resgatar e recriar as emoções que associamos ao amor.
O primeiro modelo de relação a que somos expostos muitas vezes não é dos melhores… Para alguns, pode envolver abandono e rejeição, por exemplo. Mesmo que os pais tenham apenas boas intenções, há o estresse e a imprevisibilidade de ser humano.
Nos relacionamentos amorosos adultos, cada pessoa tende a procurar no(a) parceiro(a) alguém com quem possa recriar a relação original que tem como exemplo.

2. COMO VOCÊ SE COMUNICA
Em algumas situações, você pode se escutar repetindo palavras de seus pais. Isso pode ser um pouco assustador… Mas não é ruim, em princípio, desde que essa comunicação seja saudável.
Vale lembrar que seu jeito de falar com seu parceiro também revela muito sobre seus modelos originais de relação.

3. COMO VOCÊ REAGE AO CONFLITO
Quando começa uma discussão mais séria, você fica mal-humorado, grita, sai batendo portas? Derrama-se em lágrimas? Para de conversar e evita o parceiro por vários dias? Usa ameaças ou o sexo como arma?
A intimidade traz consigo desentendimentos, quase inevitavelmente. O modo como você os enfrenta (ou não enfrenta) também diz muito sobre seu passado.
No final, o mérito das disputas em si (quem está “certo” ou “errado”, por exemplo) importa menos do que o clima que permanece entre o casal. Porém, estilos de enfrentamento de conflito podem ser modificados e habilidades aprendidas.

4. O QUE VOCÊ VALORIZA
A dimensão das crenças e valores é uma das mais importantes da vida humana.
Desde a infância, e ao longo da vida, formamos opinião sobre os mais variados assuntos, desde religião, política, família, sexo, carreira etc. Discrepâncias pronunciadas nessas áreas podem levar a desencontros. Por isso, para manter um relacionamento saudável, é importante que esses assuntos sejam conversados assim que possível.

Nosso comportamento como adultos é influenciado pelo nosso passado, mas não de forma definitiva. Histórias difíceis podem ser remediadas. Você não precisa repetir padrões com os quais não concorda e que lhe fazem sofrer.
Em um relacionamento, as principais escolhas talvez não sejam sobre quem é seu parceiro, mas sobre quem você é e como você quer ser.
Além disso, quando você tem filhos, a responsabilidade é ainda maior. Afinal, seu comportamento está sendo observado por olhos que o terão como modelo no futuro.
RECADO PARA VOCÊ
A pandemia tem afetado o bem-estar de muita gente.
Ansiedade, estresse, medo e pessimismo estão entre os incômodos mais comuns.
Estudos preveem que esses sintomas podem trazer consequências negativas até muito tempo depois que a pandemia terminar.
Portanto, se você não estiver se sentindo bem, procure apoio psicológico.
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Um comentário em “Como seu passado influencia seus relacionamentos amorosos no presente”