Palavras-chave: estresse de fim de ano; estresse; festas de fim de ano; microbiota intestinal.
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 25 de novembro de 2021
As festas de final de ano estão chegando.
Para alguns, momento de relaxamento e despreocupação. Para outros, tempo de estresse.

Dados da ISMA-BR (International Stress Management Association) dão conta que o nível de estresse entre as pessoas aumenta, em média, 75% em dezembro.
Suspeita-se que o estresse possa estar por trás do aumento nos casos de ataque cardíaco no período. É o que diz estudo publicado no British Medical Journal, que mostrou um aumento de 37% nesses quadros dia 25 de dezembro e 20% na virada do ano.
Há situações externas estressantes, como o convívio com um tio inconveniente, mas uma boa porção desse estresse é auto infligido.
O chamado ‘estresse de fim de ano’ é um problema que tem múltiplas causas. Nesse texto, escolhi abordar uma delas, ainda pouco conhecida.
Nos últimos anos, a ciência vem descobrindo que parte do nosso humor (e, consequentemente, nosso bem-estar em situações como o estresse de fim de ano) começa… em nosso intestino!
Isso mesmo. Bilhões de microrganismos participam decisivamente de nosso bem-estar e nossa qualidade de vida.
Para entender como isso funciona, listei alguns potenciais gatilhos, comuns às festividades dessa época do ano.

1. Deixar de se exercitar
As festas de dezembro deixam muitos de nós menos ativos. As academias esvaziam, os parques trocam seus frequentadores usuais, focados na corrida, caminhada e outros exercícios, por outros, mais interessados em apenas passear, tomar um ar e contemplar o verde. E isso não é bom.
Exercitar-se traz diversos benefícios. Previne doenças, melhora a função cardiovascular, promove o crescimento de novas células nervosas. Mas também ajuda sua microbiota intestinal a combater inflamação. Menos inflamação, menos estresse.

Os cientistas estão apenas começando a entender as relações entre a atividade física, a microbiota intestinal e o cérebro, mas a redução da inflamação parece ser o aspecto mais importante dessa conexão.
2. Beber em excesso
Para muita gente, o ponto principal de uma festa de fim de ano é beber.
Nesse momento em que a pandemia parece dar alguns sinais de controle, muitos estarão com parentes e amigos, e o álcool funciona como lubrificante social universal.

Mas, cuidado. O álcool é capaz de matar nossas boas bactérias – aquelas que reduzem a inflamação e têm um efeito positivo sobre o bem-estar. As bactérias patogênicas (que provocam doenças), geralmente são resistentes ao álcool.
3. Não comer vegetais
O jantar é servido. Carnes, massas, pães, tortas…
Onde estão os vegetais, especialmente os vegetais crus?
Para muitos, ficaram em algum lugar de novembro.

Se você puder equilibrar as comidas pelas quais esperou o ao todo com uma quantidade razoável de vegetais, verá efeitos positivos na manutenção da microbiota intestinal.
4. Entrar em discussões
Todos acomodados para jantar, chega aquele ótimo momento para falar sobre religião e política. Sabemos que não acaba bem, mas nem sempre conseguimos evitar.
O tio inconveniente chega com ainda mais teorias conspiratórias do que no ano passado, e aproveita a audiência para arrastar as crianças para dentro de suas improváveis histórias. Os adultos responsáveis se incomodam e começa a discussão.

O estresse também pode afetar seus micróbios intestinais. E, perceba, todo o desregramento do dia até agora coloca mais pressão sobre eles.
Sua microbiota intestinal pode desempenhar um papel surpreendente no seu humor, aumentando o estresse. Um ciclo vicioso se inicia. A discussão na mesa o deixa ansioso.
Sua interpretação dessa ansiedade é óbvia: preciso da sobremesa.
5. Exagerar na sobremesa
Chegamos àquele que talvez seja no mais importante estressor do fim de ano: o açúcar. Ele alimenta patógenos que vivem em nosso intestino delgado. Essas bactérias funcionam como traficantes de drogas. Quando recebem um pico de açúcar, produzem neuroquímicos, como a dopamina, que enchem você com uma onda de bem-estar. Essa sensação boa tem curtíssima duração, e por isso que seu cérebro pode achar que você precisa de uma segunda fatia de torta.
Porém, mais açúcar significa mais inflamação. E, como vimos, além de ser fonte de quase todas as doenças crônicas, a inflamação aumenta sua ansiedade e aumenta seus níveis de estresse.

RECADO PARA VOCÊ
A pandemia tem afetado o bem-estar de muita gente.
Ansiedade, estresse, medo e pessimismo estão entre os incômodos mais comuns.
Estudos preveem que esses sintomas podem trazer consequências negativas até muito tempo depois que a pandemia terminar.
Portanto, se você não estiver se sentindo bem, procure apoio psicológico.
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