Palavras-chave: alucinação; alucinação visual; psicodélicas
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 19 de janeiro de 2022
Arranje alguém que tope fazer com você essa experiência. Sentem-se de frente e olhem nos olhos um do outro, sem interromper o contato visual.
No começo, pode ser que vocês deem algumas risadas constrangidas. Mantenham o foco e tentem relaxar ao máximo.
Faça isso por cerca de dois minutos.
Prepare-se. Vai parecer uma eternidade.
E coisas estranhas vão acontecer.

Vocês podem começar a ver coisas na outra pessoa, e ter sentimentos surpreendentes.
Mas, o que acontece se você mantiver o contato visual muito além dos dois minutos?
Dez longos minutos de contato visual ininterrupto, quando dois já parecem uma eternidade.
O que aconteceria? Bem, cientistas decidiram descobrir, e os resultados estão abaixo.
Alucinação com espelho
Não é novidade para a ciência que é possível experimentar alucinações e “estados alterados de consciência” sem fazer uso de substâncias psicoativas. Outro estudo já havia sugerido isso.
Tudo que você precisa fazer, ao que parece, é diminuir a intensidade da luz e olhar para si mesmo em um espelho. A pesquisa descobriu que, ao fazer isso, os participantes passavam a enxergar mudanças no reflexo de seu próprio rosto. O fenômeno ocorria rapidamente, para alguns em menos de um minuto.

A distribuição das ocorrências foi a seguinte (vale lembrar que cada participante podia reportar a vivência de diversos fenômenos):
- 66% dos participantes viram “enormes distorções” em seus próprios rostos;
- 48% “um rosto monstruoso”;
- 28% um rosto desconhecido;
- 28% um rosto arquetípico;
- 18% o rosto de um dos genitores ou parente;
- 8% um rosto animal.
Esse efeito alucinatório associado à observação do próprio rosto no espelho sob pouca luz é chamado pelos psicólogos de ilusão da cara estranha (strange-face illusion).
Alucinação com contato visual
Outro estudo replicou a condição sugerida no começo do texto: fez duas pessoas se olharem por dez minutos consecutivos. Os resultados foram ainda mais intensos.
Duas descobertas do estudo não envolveram a percepção visual. Os participantes reportaram que o tempo parecia desacelerar e que sons distantes pareciam mais altos.
Mas os efeitos visuais ainda foram os mais importantes (mais uma vez, lembro que um mesmo participante podia experimentar mais de uma anomalia perceptiva):
- 90% viram o rosto do parceiro se deformar;
- 75% uma “cara monstruosa”;
- 15% o rosto de um dos genitores ou parente.
Essas percepções alucinadas são, classicamente, indícios de dissociação – grosso modo, é como se o sujeito diminuísse a importância da realidade externa e projetasse nela sua imaginação.

Por que isso acontece?
Não sabemos. Uma possibilidade é que a dissociação seja provocada pela manutenção prolongada de uma estimulação sensorial ao mesmo tempo tediosa e significativa (por se tratar de um rosto humano). Contudo, certamente são necessárias mais pesquisas.
Alucinação e mente humana

Olhar por um tempo em nossos próprios olhos no espelho ou nos olhos de outra pessoa, particularmente com pouca luz, leva a alguns fenômenos realmente estranhos. Alucinações e aparições, sons distantes altos e distorções do tempo.
Uma peculiaridade dos resultados: em pessoas deprimidas, esses fenômenos ocorrem com menos intensidade e frequência.
Ainda não se sabe o porquê. É outra daquelas particularidades que tornam a mente humana tão fascinante. 😉
RECADO PARA VOCÊ
A pandemia tem afetado o bem-estar de quase todas as pessoas.
Muitas estão ansiosas, estressadas ou assustadas, constantemente pensando no que pode dar errado.
Estudiosos preveem que isso deve trazer consequências negativas até muito tempo depois que a pandemia terminar.
Portanto, se você não estiver se sentindo bem, procure ajuda.
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