Palavras-chave: dinheiro a receber; dinheiro; felicidade
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 26 de janeiro de 2022
Na última semana, o Banco Central (BC) lançou uma funcionalidade que permite aos brasileiros checar se têm algum dinheiro a receber de instituições financeiras.
A crise econômica e a perda de renda criaram as condições para que essa notícia gerasse uma procura frenética pelo sistema.

Coincidentemente, nos últimos dias tive acesso a um estudo sobre a influência do dinheiro e de bens materiais naquilo que chamamos de “felicidade” – uma sensação de bem-estar, de viver a vida que se deseja.
Você conhece a questão
Assim como eu, aposto que você já ouviu esse diálogo:
Alguém diz: “O dinheiro não traz felicidade”.
E outra pessoa discorda: “Pode até não trazer, mas manda buscar”.
E você, o que acha? Qual a influência do dinheiro na felicidade de alguém?
Bem, pesquisas recentes têm encontrado uma resposta bastante curiosa.

E a resposta é: depende.
Se a pessoa é incapaz de pagar por suas necessidades básicas (comida, abrigo, roupas), então sim – mais dinheiro = mais felicidade. Mas, se ela já tem essas necessidades satisfeitas, ganhar mais dinheiro pode fazê-la mais feliz ou não, dependendo da forma como for gasto.
Como assim?
Há pessoas que praticamente só usam seu dinheiro para adquirir posses e bens materiais. Pois bem, usar o dinheiro dessa forma não incrementa tanto a felicidade.
Mas, gastá-lo para satisfazer “necessidades psicológicas” — ter experiências interessantes, aprender sobre novos assuntos, construir laços sociais etc. – incrementa.
Então, para entender a relação entre dinheiro e felicidade, é importante entender as razões que levam alguém a desejar riqueza.
Ou seja…
Você quer mais dinheiro para gastar em quê?
Um estudo recente explorou exatamente essa questão: quais os motivos para ganhar dinheiro, o impacto desses motivos no bem-estar e na saúde mental, e se é possível promover “razões saudáveis” para se ganhar dinheiro.
Essa investigação deve ser publicada em fevereiro na revista Applied Research in Quality of Life.

Ligação entre dinheiro e felicidade
Os pesquisadores descobriram o seguinte:
1. Os motivos para ganhar dinheiro podem ser divididos em três:
– Auto integrados (incluem motivos como: fazer caridade, direcionar a própria vida sem interferência dos outros, melhorar o currículo, se sentir orgulhoso de si mesmo, lazer);
– Não integrados (incluem motivos como: gastar por impulso, gastar para superar alguma insegurança, gastar por comparação social [ter um carro melhor que o do meu vizinho, por exemplo]);
– Estabilidade financeira (inclui motivos como: segurança [ter uma quantia guardada para emergências] e apoio familiar [pagar escola / convênio médico para os filhos]).

2. Razões auto integradas estão associadas a maior bem-estar.
Acumular riqueza por razões não integradas, por outro lado, está associado à frustração de necessidades psicológicas e menor bem-estar.
As razões de estabilidade financeira também estiveram ligadas a maior bem-estar. Possivelmente, isso se deve ao fato de que o dinheiro gasto para satisfazer necessidades básicas (para si mesmo e para a família) aumenta a sensação de autonomia e competência e fortalece as relações, necessidades psicológicas importantes (do tipo auto integradas).

3. Os efeitos adversos dos motivos não integrados ocorrem porque indivíduos materialistas tendem a gastar dinheiro impulsivamente, para compensar sentimento de insegurança e baixa autoestima e/ou para parecerem melhores do que os outros. Essas lacunas não são preenchidas por bens materiais, o que leva à frustração.
4. Os dados sugerem que é possível ajudar as pessoas a se tornarem mais conscientes de seus motivos para ganhar dinheiro e desencorajar motivos não integrados.

Resumindo
O dinheiro pode trazer felicidade. Mas isso só é verdade para dois grupos:
– Aqueles que querem dinheiro para satisfazer suas necessidades mais básicas (fisiológicas e de segurança – comida, abrigo, roupas).
– Aqueles que pretendem usar o dinheiro para satisfazer necessidades psicológicas básicas — a necessidade de autonomia, competência e pertencimento (abrir seu próprio negócio, dominar uma habilidade, ajudar alguém em necessidade).
RECADO PARA VOCÊ
A pandemia tem afetado o bem-estar de quase todas as pessoas.
Muitas estão ansiosas, estressadas ou assustadas, constantemente pensando no que pode dar errado.
Estudiosos preveem que isso deve trazer consequências negativas até muito tempo depois que a pandemia terminar.
Portanto, se você não estiver se sentindo bem, procure ajuda.
Se preferir, clique no botão do WhatsApp abaixo e fale diretamente comigo.
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Texto muito elucidativo. Obrigada me ajudou muito