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O que você sente pelo crush: ‘borboletas no estômago’ ou ansiedade?

Palavras-chave: borboletas no estômago; ansiedade; crush; relacionamentos

Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 28 de março de 2022


O termo pode variar: ‘borboletas no estômago’, ‘frio na barriga’, ‘adrenalina’… Mas a questão é que você está sentindo algo diferente por alguém que conheceu.

Seu coração bate mais rápido, sua respiração muda, e você mal consegue pensar em outra coisa.

Borboletas no estômago

Borboletas no estômago ou ansiedade fóbica?

Agora, pense comigo: estas são exatamente as mesmas respostas físicas que você experimenta quando detecta uma ameaça em seu ambiente. Ou seja, seu corpo está reagindo como se tivesse interpretado seu novo crush como um perigo, e está se preparando para ‘lutar ou fugir’.

Então, faz sentido perguntar: o que você está sentindo é realmente atração ou apenas ansiedade fóbica?

De fato, pesquisas demonstraram que um nível elevado de ansiedade ao conhecer alguém faz você se sentir mais atraído pela pessoa.

Além disso, nossas mentes são atraídas ao que nos é familiar. Então, quando conhecemos alguém que nos lembra do nosso passado, é comum sentirmos essa atração irresistível – uma sensação esquisita de que conhecemos a pessoa há muito tempo. 

Qual seu modelo de relacionamento romântico?

Inicialmente, você pode sentir como se estivesse no Paraíso. Porém, se você cresceu assistindo a um modelo abusivo de relacionamento romântico, ou se sua relação com seus cuidadores era tensa e inconsistente, vale a pena pensar duas vezes. É possível que você esteja sentindo ansiedade diante desse parceiro em potencial, mas interpretando-a como um excelente match.

Borboletas no estômago

Um exemplo em que borboletas no estômago são apenas ansiedade

Joana é uma mulher cujos pais tiveram uma relação tumultuada, com muitos altos e baixos. Testemunhar a relação disfuncional entre seus pais despertava ansiedade em Joana. Como este foi o único modelo que ela conheceu de relacionamento romântico, Joana aprendeu a associar o amor a altos e baixos e conflitos.

Quando Joana conhece potenciais parceiros com quem experimenta a mesma dinâmica (agitada e confusa), é tomada por um senso de familiaridade, como se conhecesse essa pessoa desde sempre. Joana se sente mais atraída por parceiros que despertam os mesmos sentimentos de ansiedade que ela experimentou quando criança, entendendo esses afetos como excitação / indicação de que há forte química entre eles.

Você saberia se relacionar sem sentir as borboletas no estômago?

As pessoas costumam ficar surpresas ao perceber que sentem mais excitação e química com indivíduos que espelham a dinâmica de relação de seus cuidadores porque, geralmente, nunca gostaram dessa dinâmica. E a surpresa faz sentido, pois os mecanismos que levam a esse comportamento são quase todos inconscientes.

Porém, o fato é que pesquisas têm mostrado que as pessoas são frequentemente atraídas por parceiros que parecem familiares a elas e exibem qualidades semelhantes às de seus cuidadores primários.

No exemplo acima, se Joana conhecer alguém mais estável, que não provoque nela a mesma ansiedade, pode achar entediante. Isso deve fazer com que Joana seja uma daquelas pessoas que são atraídas sempre pelo mesmo tipo de parceiro, repetidamente sem sucesso.

Borboletas no estômago

Borboletas no estômago ou ansiedade: como diferenciar

Por outro lado, é natural que as pessoas se sintam nervosas nos estágios iniciais do envolvimento com alguém. Então, sentir ‘borboletas’ ou ‘frio na barriga’ não é necessariamente um sinal de que aquele parceiro é uma combinação ruim.

Determinar se a reação que você está sentindo é resultado de sua compatibilidade ou de sua ansiedade nem sempre é óbvio. Por isso, algumas perguntas podem ajudar nessa exploração:

– Você já sentiu isso antes?  Se sim, quando e com quem?

– Se esse mesmo sentimento surgiu com parceiros anteriores, por que esses relacionamentos terminaram?

– Como você se sente perto dessa pessoa e como seu corpo reage? Você tem uma sensação de paz e plenitude ou se sente à beira de uma crise de ansiedade?

Pode parecer um contrassenso recomendar cuidado e moderação a alguém tomado pela sensação inicial de apaixonamento, as tais ‘borboletas no estômago’… Mas, essa é a postura que pode impedir um apego prematuro e ajudar a reconhecer sinais de alerta. Afinal, se for para detectar um padrão disfuncional de relação, que seja logo no início, não é mesmo?

Referências

Dutton, D. G., & Aron, A. P. (1974). Some evidence for heightened sexual attraction under conditions of high anxiety. Journal of Personality and Social Psychology, 30(4), 510–517.

Geher, G. (2000). Perceived and actual characteristics of parents and partners: A test of a freudian model of mate selection. Current Psychology, 19(3), 194–214.


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