Palavras-chave: crise coletiva; histeria coletiva; adolescentes; pernambuco
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 13 de abril de 2022
Vinte e seis estudantes da escola estadual Ageu Magalhães, em Recife (PE), passaram mal ao mesmo tempo na última sexta-feira, 8. O Samu classificou o ocorrido como “crise de ansiedade coletiva”.
A crise coletiva mobilizou 16 profissionais de saúde, seis ambulâncias e duas motos para o atendimento dos estudantes. As aulas na escola foram retomadas na segunda-feira (11).
Situações como a que aconteceu são raras, mas conhecidas pela psicologia.
Alguns pontos para reflexão:
– 26% das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos no Brasil apresentam sintomas clínicos de ansiedade e depressão (Instituto de Psiquiatria, USP).
– 60% dos jovens entre 12 e 18 anos têm queixas relacionadas à saúde mental (Unicef, em parceria com o Instituto de Pesquisas Cananéia).
– O número de jovens com sintomas clínicos de ansiedade dobrou durante a pandemia. (JAMA Pediatrics, Universidade de Calgary, Canadá).
– A Covid-19 obrigou os jovens a se isolar numa fase da vida em que a socialização tem papel fundamental.
– Nem sempre os pais e a sociedade compreendem a situação desses jovens, o que aumenta a pressão sobre eles.
– Uma crise de ansiedade tem características que levam as pessoas a achar que estão “passando mal” – alteração dos batimentos cardíacos, falta de ar, suor frio, tremores. Tais sintomas físicos, associados à própria ansiedade, podem dar a sensação de morte iminente.
– Seres humanos têm a empatia como característica. O sofrimento de uma pessoa afeta aqueles que estão a sua volta.
– Durante o período de aulas, a escola cria entre os adolescentes uma comunidade fechada, na qual essa transmissão empática adquire força maior.
– Outra característica que pode intensificar o efeito de propagação é a peculiar importância da identificação com o grupo social na vida dos adolescentes.
– Um ou mais fatores estressores podem ter sido compartilhados por aqueles jovens nos dias anteriores (por exemplo, o fato ocorreu durante a semana de provas).
– Para ajudar esses jovens, é preciso compreender melhor o que aconteceu e envolver pais e escola num plano de atenção e cuidado.

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