Palavras-chave: transtorno de pânico; agorafobia; ansiedade
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 21 de maio de 2022
O Transtorno de pânico é um problema significativo que afeta até 20% da população mundial (dado da OMS), e duas vezes mais mulheres que homens.
Para quem vive um ataque de pânico, a experiência pode parecer surpreendente e inexplicável. Porém, pesquisas têm observado que o Transtorno de pânico evolui quando a pessoa tenta controlar suas reações espontâneas a uma ameaça percebida. Essas tentativas de controle funcionam por um tempo, até que a pessoa experimenta sua primeira perda completa de controle.
A sensação de pânico implica uma excitação psicofisiológica de grande intensidade, percebida de modo assustador e que, muitas vezes, aparenta uma situação de risco de morte.
O medo de ter essa experiência (literalmente, o medo de ter medo), e o fracasso das tentativas de evitá-la criam uma espiral de comportamentos e percepções. Quanto mais o paciente repete suas tentativas de fugir, mais se aproxima do pânico.
Perseguindo o próprio rabo
A hipervigilância contínua da pessoa em relação a si mesma – sua respiração, batimentos cardíacos, ansiedade etc.- juntamente com o forte desejo de controlar qualquer alteração em sua fisiologia, leva ao próprio medo que o paciente está procurando evitar. Quando chega a esse ponto, o sistema natural de excitação do corpo é acionado. Quanto maior o nível de controle que se tenta impor às reações corporais, piores elas se tornam — resultando no ataque de pânico.
A solução do paciente tornou-se agora seu problema, e seu problema é resultado de sua solução. A pessoa está agora presa, e qualquer tentativa de fuga através do controle está fadada ao fracasso.
“E se isso me acontecer na rua, quando eu estiver sozinho?” O medo de vivenciar novos ataques de pânico pode ir reduzindo, aos poucos, a mobilidade do sujeito, levando à chamada agorafobia.
Transtorno de pânico e Agorafobia
No caso da agorafobia, o paciente tem medo de estar sozinho em situações sociais ou em qualquer situação fora de casa. Por esse motivo, ele pode começar a procurar companhia para enfrentar essas situações.
Cada vez que alguém o acompanha, ele confirma que está seguro porque teve ajuda, mas também confirma que é incapaz porque precisa da ajuda. Assim, a solução alimenta o problema, e leva a fobia a novos patamares.
Alguns pacientes de pânico têm um lugar ou situação específica que desencadeia o medo, enquanto outros vivem o medo de forma constante, como um soldado no campo minado da perda de controle.
Sintomas Comuns do Transtorno de Pânico
– Sentimento avassalador de pavor / medo;
– Dor no peito ou sensação de que o coração está batendo de forma irregular;
– Sensação de estar morrendo, tendo um ataque cardíaco, AVC ou outro mal súbito;
– Suor, ondas quentes, calafrios ou tremores;
– Boca seca, falta de ar ou sensação de asfixia;
– Náusea, tontura, e sensação de fraqueza;
– Sensação de dormência, pontadas ou formigamento;
– Súbita necessidade de ir ao banheiro;
– Agitação gastrointestinal;
– Zumbido em um ou ambos ouvidos.
Diagnóstico do Transtorno de Pânico
Nem todo mundo que tem ataques de pânico tem Transtorno de pânico. Para o diagnóstico do Transtorno de pânico, a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) lista os seguintes critérios:
– Ter ataques de pânico frequentes e inesperados;
– Pelo menos um dos ataques foi seguido por um mês (ou mais tempo) de preocupação contínua em ter outro ataque;
– Medo contínuo das consequências de um ataque, como perder o controle, ter um ataque cardíaco ou “enlouquecer”; ou mudanças significativas em seu comportamento, como evitar situações que você acha que podem desencadear um ataque de pânico;
– Seus ataques de pânico não são causados por drogas ou outro uso de substâncias, uma condição médica ou outra condição de saúde mental, como fobia social ou transtorno obsessivo-compulsivo.
CONCEITO BÁSICO

Com alguma frequência, o Transtorno de pânico é confundido com o Transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Porém, no TAG, o estado de excitação ansiosa é constante, mas não se verificam episódios singulares de intensificação disfuncional do medo.
Falha na tentativa de solução para o pânico
A principal falha é o ciclo vicioso sobre o qual falei no início do texto: ao tentar evitar situações que dão medo, a pessoa se sente incapaz de enfrentar aquele problema por si mesma, o que aumenta ainda mais o medo.
A busca por ajuda e proteção do medo, traz uma sensação de segurança, mas alimenta ainda mais a percepção do medo e a sensação de ser incapaz de lidar com ele.
A contínua tentativa de controlar suas próprias reações fisiológicas ao medo, paradoxalmente, leva à perda de controle sobre nossas reações naturais.
Evitando evitar
Durante o tratamento, o terapeuta age sobre o comportamento evitante que esboçamos.
Para isso, emprega intervenções sugestivas capazes de redirecionar a atenção consciente da pessoa durante as temidas situações que levam a medidas de evitação.
Finalmente, através do uso de técnicas específicas (Gibson, 2021) é possível interromper a tendência de suprimir voluntariamente reações espontâneas, permitindo que o paciente gerencie melhor as situações.

Referências
Clarke, D., Beck, A. (2018). The Anxiety Workbook. Guilford Press
Gibson, P. (2021) Escaping the anxiety trap. Obsession, Fear, Panic and Phobia.Strategic Science Books.
Nardone, G., Portelli, C. (2005) Knowing Through Changing. Crown Publications.
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