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Ansiedade e raiva: você pode estar confundindo as duas

Palavras-chave: ansiedade e raiva; ansiedade; raiva; lutar ou fugir; emoções

Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 25 de novembro de 2022


Os especialistas frequentemente subestimam o vínculo entre raiva e ansiedade.

Porém, em muitos aspectos, ansiedade e raiva são dois lados da mesma moeda emocional.

Ambas são formas dinâmicas de reação a alguma ameaça percebida, ou seja, têm o potencial de colocar o sujeito em movimento para se defender.

Este post vai esboçar brevemente:

  • como as duas emoções estão intimamente ligadas;
  • como a raiva surge para “resgatar” a pessoa de uma ansiedade desconcertante;
  • como ajudar indivíduos a evitar o problema de substituir a ansiedade aflita pela raiva agressiva.
ansiedade e raiva

Tudo começa no sistema nervoso

Algo acontece ao seu redor e, inconsciente e imediatamente, o sistema nervoso dispara uma série de processos fisiológicos que preparam para ‘lutar ou fugir’ (as duas opções que nossos ancestrais desenvolveram frente às ameaças de um ambiente natural hostil).

A glândula adrenal libera catecolaminas (como a adrenalina) na corrente sanguínea. Os batimentos cardíacos aceleram, a respiração fica mais rápida. Processos não relevantes para ‘lutar ou fugir’, como a digestão, são detidos. Glicose e gordura são mobilizados para fornecer energia muscular. A resposta inflamatória é ativada.

E – mais importante para nosso objetivo aqui – o sujeito é afligido por uma ansiedade desconcertante.

Semelhanças e diferenças entre ansiedade e raiva

Submetido à percepção de uma ameaça sentida, a pessoa sente que perdeu o controle.

Organicamente, é levada à necessidade de restabelecer o equilíbrio físico e emocional perdido. Uma emoção ardente se manifesta consequentemente – a raiva.

A pessoa prefere “transformar” sua ansiedade em raiva, pois a raiva traz a ilusão de recuperar o controle daquela circunstância perturbadora.

O ciclo vicioso ansiedade e raiva

Além disso, o simples fato de pensar na ameaça amplia seus efeitos. Desse modo, os pensamentos induzem uma maior produção de adrenalina.

Nesse momento, quem está no comando do organismo é o “primitivo” mesencéfalo (o centro de sobrevivência reflexivo / instintivo). Privado da sofisticada habilidade de raciocínio, própria do neocórtex, o corpo inicia um ciclo de ampliação da ansiedade que resulta em pânico. Ou, dependendo da programação anterior daquela pessoa, em raiva.

Ansiedade e raiva como dor física

Além disso, a dor psicológica subjacente à ansiedade e à raiva pode se relacionar com a dor física. Com efeito, nossas preocupações geram a mesma resposta fisiológica que as ameaças físicas.

Por isso, há diversas condições físicas (como dor crônica, tensão muscular crônica etc.) que podem ser entendidas como resultantes de emoções não resolvidas (e, portanto, persistentes). Constantemente atacado por hormônios esteroides como o cortisol, em algum momento o corpo sucumbe à sua influência nociva.

A raiva como disfarce da ansiedade

A raiva pode ser considerada uma pseudo-solução para a ansiedade. Pois, embora possa esconder a ansiedade, nunca a elimina realmente. E o enorme esforço para encobrir sentimentos indesejáveis ​​tem efeitos neurológicos negativos.

É algo como “pague agora”, encarando a ansiedade e lidando com ela de forma construtiva, ou “pague depois”, transformando a ansiedade em raiva. Afinal, é impossível trabalhar a ansiedade se você não pode mais acessá-la.

Ansiedade e raiva nas relações

Na ansiedade e na raiva, o neocórtex não é prioridade. As partes mais ativas do sistema nervoso são as inferiores, que o preparam para a batalha com o suposto inimigo. Nesse processo, também são produzidas proteínas inflamatórias, chamadas citocinas, que inflamam o cérebro.

Por toda essa situação, é impossível pensar com clareza. As necessidades das pessoas ao redor são desconsideradas.

Tomado pela raiva, o sujeito atribui aos outros (ou a alguém específico) características negativas – injustiça, egoísmo, arrogância etc., o que retroalimenta a própria raiva. Isso porque, de fato, parece lícito sentir raiva daquela(s) pessoa(s) tão cheia(s) de defeitos.

Contudo, na maioria dos casos, essas pessoas não fizeram nada para merecer essa hostilidade. Culpá-los tem apenas a função de permitir que você faça a transição da ansiedade para a (aparentemente) confortável e justa indignação / raiva.

De resto, um senso de superioridade moral é uma sensação bem mais agradável do que a ansiedade experimentada momentos antes. Na verdade, a maioria das pessoas passa da ansiedade para a raiva tão rapidamente que nunca chega a experimentar a ansiedade profundamente.

Entretanto, o que é um alívio para o sujeito é um fardo para os alvos de suas manifestações de raiva. Enquanto ele pensa que está se defendendo e que é vítima da situação, expressa uma raiva que ofende e machuca.

Em suma, a raiva pode ser eficaz como uma solução de curto prazo para a ansiedade, mas a longo prazo funciona como um bumerangue, que causa dor a si e aos outros.

Ou seja, o julgamento inadequado e o comportamento impulsivo, tipicamente associados ao uso regular da raiva para escapar de emoções desagradáveis, prejudica a vida do sujeito de forma considerável.

Como enfrentar a raiva defensiva

Em primeiro lugar, é importante dizer que não podemos confundir essa raiva, que resulta da ansiedade, da “raiva positiva”, que surge quando o sujeito é atingido por algo que de fato lhe provoca dor e ferida, física ou emocional.

Além disso, o uso de métodos para atenuar os efeitos dessa “raiva defensiva” só faz sentido se houver a disposição de assumir responsabilidade pela raiva e pelas ações realizadas a partir dela.

Alguma resistência nesse processo é natural e esperada, uma vez que, até agora, a raiva lhe deu uma sensação de controle e poder.

De resto, essas técnicas psicológicas do tipo “faça você mesmo” precisam ser repetidas várias vezes para que de fato sirvam como exercício terapêutico. Em muitos casos, uma melhora significativa só é possível com a ajuda de um profissional qualificado para lidar com traumas não resolvidos.

Atenção a essas medidas:

– Aprenda a respirar lenta e profundamente quando sentir raiva. Há bastante conteúdo a esse respeito disponível na internet. Essa respiração transmite ao seu corpo a informação de que “está tudo bem”, disparando processos fisiológicos que acalmam.

– Desenvolva sua concentração no momento presente. Isso inclui imagens, sons, cheiros, sensações táteis. A cada momento, faça-se a pergunta: “O que estou sentindo?”.

– Pratique atividade física. O movimento corporal ajuda a moderar ou gastar a energia que alimenta sua raiva.

– Não aja antes de considerar as repercussões. Aprenda a sair de cena quando perceber que não está pronto para falar pacificamente com outra pessoa sobre uma situação.

– Substitua ataque, culpabilização e rejeição por compreensão, perdão e aceitação (sentimentos ligados a outro neurotransmissor – a ocitocina – que produz bem-estar e está ligado ao convívio social).

– Cuide para não colocar em prática crenças distorcidas, exageradas ou generalizadas, derivadas de sua história de vida.

– Pense na solução. A raiva o mantém focado em como os outros criaram o problema. Concentre-se no que você pode fazer para resolvê-lo.

Referências

Fuller, K. A. When anxiety turns to anger: Relationship of anxiety and anger. https://discoverymood.com/blog/anxiety-and-anger/

Patel, A. When anxiety turns into anger, experts say you shouldn’t ignore it, 2017. https://globalnews.ca/news/3654939/anxiety-and-anger/

Vogel, K. When anxiety manifests in anger: Relationship of anxiety and anger, 2022. https://discoverymood.com/blog/anxiety-and-anger/


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