Como traumas de infância mudam sua ideia sobre o que é normal

Palavras-chave: traumas de infância; desenvolvimento infantil; psicologia do desenvolvimento

Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 03 de fevereiro de 2023


Os primeiros anos de nossas vidas nos afetam mais profundamente do que temos consciência. Estresse, miséria, abuso e outros eventos traumáticos criam conflitos íntimos que podem se prolongar por toda a vida.

Quando esse tipo de sofrimento é naturalizado durante o nosso desenvolvimento, o dano causado pode permanecer escondido por anos ou décadas.

Não percebemos que nossos punhos estão sempre cerrados, ou que nossa respiração é superficial e sinuosa, ou que nosso pescoço está sempre tenso.

traumas de infância

Não entendemos que nosso comportamento é reativo / automático, e pouco intencional / consciente. Não percebemos que nosso corpo está constantemente em modo de sobrevivência.

Como adultos, nos envolvemos em relacionamentos com pessoas que não curaram suas próprias dores, e isso reforça as nossas. Ficamos presos a padrões disfuncionais porque são “confortáveis”. Relações tóxicas trazem uma estranha segurança, porque são familiares.

Relações em que há paz e tranquilidade, por outro lado, podem parecer entediantes.

Dentre os padrões disfuncionais de relação que surgem da situação de trauma, podemos destacar alguns:

Resposta emocional disfuncional:

O desenvolvimento traumático cria uma pessoa constantemente alerta – como diz o ditado: “gato escaldado tem medo de água fria”. É como se ela ficasse o tempo todo em modo de sobrevivência.

Estar em modo de sobrevivência é uma função adquirida pelo organismo humano ao longo de milhares de anos em nossa evolução como espécie. Na origem, o objetivo era nos preparar para lutar ou fugir em situações que representassem risco à nossa vida – como o encontro com um predador, por exemplo.

Hoje, porém, esse estado de alerta pode ser disparado em momentos muito precoces de nosso desenvolvimento, e se tornar crônico, como um alarme que nunca desliga.

Portanto, as respostas emocionais de pessoas que carregam esse trauma nem sempre são adequadas à situação presente, pois tendem a prepará-la para lutar ou fugir.

Por exemplo:

Lutar: explosões de raiva podem ser uma resposta emocional de sobrevivência. Algo na situação disparou o alarme do trauma e a pessoa está preparada para lutar. Esse tipo de resposta também pode incluir uma tendência a promover discussões desnecessárias, comportamento passivo-agressivo ou sentimentos de perseguição. Em todos os casos, a pessoa responde de modo impulsivo e pouco consciente.

Fugir: por outro lado, pessoas que evitam emoções que as tornam vulneráveis (raiva, ciúme, tristeza, ou até mesmo ternura e amor) estão demonstrando um comportamento de fuga. Podem ser pessoas que cultivam “positividade tóxica” ou substituem essas emoções vulneráveis por ações (como sexo ou hobbies).

Busca por Emoção:

A busca constante por emoção (“adrenalina”) também é um sinal comum de trauma. Ser criado em um ambiente emocionalmente caótico pode desenvolver uma atração por relacionamentos tóxicos e experiências perigosas, a fim de sentir emoções mais intensas.

Os padrões também podem ser mais sutis, como a tendência a exagerar no trabalho ou na academia – situações em que a intensidade emocional vem de se sentir física e mentalmente exausto.

Dificuldade de ficar sozinho:

Outra experiência comum é não conseguir ficar sozinho. Isso é comum em pessoas que têm um estilo de apego ansioso, que têm medo do abandono e da rejeição. Essas pessoas sentem como se não fossem merecedoras de relações autênticas.

Por isso, se empolgam quando conseguem a atenção de alguém. Isso pode levá-las a confundir cuidado com conexão, ou desejo sexual com intimidade, por exemplo.

Muitas vezes, se veem em relações com parceiras(os) muito parecidas(os) com seu pai ou sua mãe, porque são atraídas por pessoas que fazem soar seu trauma não curado.

Pensar demais:

Pensar demais sobre situações pode promover um alívio momentâneo da vivência (dolorosa) de sentir.

No entanto, o resultado não é satisfatório. O excesso de pensamento e análise dispara um círculo vicioso de ansiedade, que desencadeia os afetos traumáticos.

Hipervigilância:

A hipervigilância se assemelha ao pensamento excessivo, mas aqui não é a mente que trabalha sem descanso, mas o corpo, em suas percepções e reações. A pessoa está o tempo todo vigilante do seu entorno, como se procurasse um motivo para fugir – desfazer um namoro, desfazer uma amizade, sair do emprego etc. – saindo de situações que desencadeiam o trauma.

Desconfia de todos, e facilmente sente que está sendo traída ou ameaçada.

Na origem da hipervigilância estão necessidades de segurança não atendidas na infância.


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