Palavras-chave: abuso emocional; relacionamentos
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 18 de abril de 2023
O abuso emocional quase sempre começa de um modo que parece inofensivo.
Ações para tomar o controle sobre a vida da(o) parceira(o) podem se revelar muito sutilmente, mas existem sinais.
Apesar de seu início quase invisível, o emocional é uma das formas mais violentas de abuso, porque viola aspectos básicos da existência, como autoestima e autoconfiança.
O abuso emocional condiciona a pessoa a aceitar que não é digna, que é inferior, o que só aumenta a dificuldade de sair da situação.
A seguir estão algumas ações abusivas, usadas comumente, que podem não parecer nocivas no início de uma relação.

1. Isolamento
Quando você começa a se relacionar com alguém, quer estar junto o maior tempo possível. E um abusador emocional pode se aproveitar disso.
Convencendo você que sair com amigos ou familiares não vale tanto a pena, por exemplo – afinal, o que pode ser mais importante que o relacionamento de vocês?
Com isso, você vai se afastando de pessoas que ama, que funcionam como referência de vida pra você. Vai ficando cada vez mais isolado e dependente de seu parceiro. Até que não tenha mais ninguém realmente ao seu lado, a não ser aquela pessoa. Desamparado, você então estará mais suscetível a aceitar os desmandos dele.
2. A ‘lei do silêncio’
Trata-se de ignorar o parceiro para controlar a situação.
A ‘lei do silêncio’ é uma forma de punição. Submetido ao desprezo, sua única maneira de obter a aceitação ou o perdão do parceiro é fazer o que ele quer.
3. “Brincadeiras” ofensivas
Se você já se pegou achando que precisa mudar por causa de comentários jocosos do seu parceiro, cuidado.
Fazer comentários ofensivos sobre sua personalidade, sua aparência ou seu passado, mesmo que por “brincadeira”, não é bom sinal. Piadas podem ser apenas uma maneira disfarçada de controle.
4. Gaslighting
Esse é um termo frequentemente usado em sua forma original, em inglês.
No gaslighting, o abusador invalida ou desqualifica as percepções do parceiro, criando uma disputa pelo que é real. Por exemplo, você diz: “Estou com calor”, e seu parceiro responde: “Não, está frio aqui”.
Um comentário como esse parece inofensivo e não levanta suspeita. Mas está invalidando o que você sente. Se seu parceiro chama você de louco(a) ou faz você se sentir assim, você está sofrendo abuso. Ao longo do tempo, o gaslighting faz a pessoa duvidar de si mesma, se sentir insegura e inútil.
5. Mandar em você
Dicas e conselhos são válidos. Mas é importante saber qual o objetivo dessas sugestões.
Controlar você? Invalidar suas opiniões ou escolhas? Deixar você dependente para decidir no seu lugar?
6. Catastrofização
É o que acontece quando alguém faz algo parecer muito pior do que realmente é.
Um abusador emocional pode usar essa tática para fazer você duvidar de si mesmo, fingindo que está apenas cuidando de você. Por exemplo, você é convidado para uma nova posição no trabalho. Em vez de encorajar, um abusador emocional listará todos os problemas, no pior cenário possível. Assim, você não enxerga seu potencial, e não pensa em deixá-lo.
7. Culpabilização
O abusador emocional usa a história contra você.
Ele nunca realmente perdoa e esquece. Os erros mais singelos e distantes que você já cometeu podem ser usados contra você durante as brigas, para culpá-lo e tomar controle sobre a situação.
É importante prestar atenção em como as ações do seu parceiro fazem você se sentir.
Se você está desconfortável com algo, não deixe de expressar e conversar a respeito.
Se não perceber dele um esforço sincero para mudar aquele comportamento, o abuso continuará. Agora, se você já não consegue sequer conversar com seu parceiro sobre esse assunto, esteja alerta. Talvez seja hora de procurar ajuda para sair desse relacionamento.
Nota do Autor: O que fazer se você (ou alguém que você conhece) for vítima de abuso emocional?
– Procure um psicólogo ou psiquiatra
– Outros especialistas podem ajudar a perceber o abuso com mais clareza e tomar providências, como assistente social, advogado ou autoridades policiais
– O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública para enfrentamento à violência contra a mulher. Recebe denúncias, encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos
– Também é possível realizar denúncias de violência pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos.
– Há atendimento governamental gratuito também pelo Telegram. Basta acessar o aplicativo, digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.
⚠️ Atenção: Este site não oferece tratamento ou aconselhamento imediato para pessoas em crise suicida. Você pode procurar o CVV (Centro de Valorização da Vida) ligando 188 ou acessando http://www.cvv.org.br (24 horas por dia, inclusive feriados). Ou procure um Caps (Centro de Atenção Psicossocial) da sua região. Em caso de emergência, procure atendimento em um hospital mais próximo.