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Olhar nos olhos: ciência prova o poder do contato visual

Palavras-chave: olhar nos olhos; contato visual

Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 19 de maio de 2023


O contato visual prolongado tem efeitos descritos pela ciência, e alguns podem surpreender. Desempenha papel importante no desenvolvimento de conexões sociais, comunicação e interações entre seres humanos.

Então, o que diz a ciência?

olhar nos olhos

1. Olhar nos olhos ativa áreas do cérebro associadas à comunicação

– Córtex pré-frontal medial (CPFm)

–  Sulco temporal superior (STS), e

– Amígdala

Essas regiões são fundamentais para o processamento e interpretação de pistas sociais, como expressões faciais e linguagem corporal.

Estudo publicado no Journal of Neuroscience usou ressonância magnética funcional (fMRI) para examinar os correlatos neurais do contato ocular durante interações sociais.

Os resultados mostraram que o contato ocular aumentou a atividade no CPFm, STS e amígdala, indicando que é um aspecto essencial da comunicação social.

2. Olhar nos olhos melhora a regulação emocional

Estudo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders descobriu que crianças no transtorno do espectro autista (TEA) que receberam um tratamento que envolvia aumentar o contato visual apresentaram melhorias em sua capacidade de reconhecer e regular suas próprias emoções.

Outro estudo investigou como indivíduos com transtorno de ansiedade social percebem e interpretam o olhar dos outros.

Os pesquisadores descobriram que os indivíduos com o transtorno passavam menos tempo olhando nos olhos e mais tempo olhando para a boca e outras características faciais, em comparação com pessoas sem o transtorno.

Isso sugere que esses indivíduos podem ter dificuldade em interpretar com precisão pistas sociais transmitidas pelos olhos, o que contribui para sua ansiedade em situações sociais.

O estudo também investigou os efeitos da terapia cognitivo-comportamental na percepção do olhar em indivíduos com esse transtorno.

Os resultados mostraram que, após receberem a terapia, esses indivíduos demonstraram maior atenção aos olhos, sugerindo que a terapia pode ajudar a melhorar sua percepção do olhar e reduzir sua ansiedade em situações sociais.

3. Olhar nos olhos desperta sentimentos de empatia e conexão

Outro estudo realizado na Universidade da Califórnia descobriu que, quando as pessoas olhavam nos olhos umas das outras por um longo período, seus níveis de ocitocina aumentavam.

A ocitocina é um hormônio associado à empatia, ao vínculo afetivo, à confiança e à regulação do estresse. De fato, verificou-se que seu aumento levou a mais sentimentos de confiança e cooperação entre os indivíduos do grupo estudado.

Por outro lado, quando se evita o contato visual, perdem-se esses benefícios, o que pode levar à sensação de isolamento e solidão.

Guia passo-a-passo para olhar nos olhos

Olhar nos olhos pode parecer assustador num primeiro momento, mas, com um pouco de prática, você descobre que é uma experiência gratificante e transformadora.

Você pode incorporar essa prática em sua vida diária e usá-la para aprofundar conexões com pessoas ao seu redor.

  • Durante conversas: Quando estiver conversando com alguém, faça um esforço para manter o contato visual. Isso mostrará que você está presente e engajado na conversa.
  • Com entes queridos: Seja com seu parceiro, membro da família ou amigo próximo, reserve alguns momentos para simplesmente olhar nos olhos. Esta pode ser uma maneira poderosa de aprofundar sua conexão e mostrar amor e apreço.
  • Com estranhos: Você pode fazer um esforço para sorrir e fazer contato visual com estranhos também. Pode ser uma maneira simples de espalhar gentileza e promover um senso de conexão no mundo.

Se você deseja experimentar um ritual de “olhos nos olhos”, aqui estão alguns passos para começar.

Passo 1: Encontre um parceiro

Esta é uma prática íntima, que envolve vulnerabilidade, por isso é importante escolher um parceiro com quem você se sinta confortável. Pode ser um parceiro romântico, um amigo próximo ou um membro da família.

Passo 2: Defina o objetivo

Antes de começar, reserve um momento para definir seu objetivo para a prática. Aprofundar a conexão? Exercitar o estar aqui-e-agora?

Passo 3: Encontre uma posição confortável

Sente-se de frente para seu parceiro e encontrem uma posição confortável. Vocês podem se sentar em almofadas, em um tapete ou onde for melhor.

Passo 4: Defina uma duração

Comece com poucos minutos e, gradualmente, trabalhe para alcançar períodos mais longos. Cinco minutos é um bom começo.

Passo 5: Comece a olhar

Comece olhando nos olhos do seu parceiro e permita-se envolver-se totalmente pelo olhar dele. Tente não desviar o olhar ou se distrair com pensamentos.

Passo 6: Respire

Ao olhar, lembre-se de respirar profunda e lentamente e permanecer presente no momento.

Passo 7: Partilhe a experiência

Depois da prática, reserve alguns instantes para compartilhar sua experiência com seu parceiro. Esta pode ser uma ótima maneira de aprofundar a conexão e a compreensão entre vocês.


⚠️ Atenção: Este site não oferece tratamento ou aconselhamento imediato para pessoas em crise suicida. Você pode procurar o CVV (Centro de Valorização da Vida) ligando 188 ou acessando http://www.cvv.org.br (24 horas por dia, inclusive feriados). Ou procure um Caps (Centro de Atenção Psicossocial) da sua região. Em caso de emergência, procure atendimento em um hospital mais próximo.


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