Palavras-chave: preguiça; motivação
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 18 de setembro de 2023
Preguiça é uma palavra curiosa.
É pesada, porque tem o sentido de defeito e falha moral (por exemplo, a preguiça é apontada pela Igreja Católica como um dos “7 pecados capitais”). Logo, chamar alguém de preguiçoso, ou sentir-se um, devia ser um grande problema!
No entanto, essa palavra é usada de maneira constante – e até banal – em nosso dia a dia:
Seu filho não lavou a louça? Ele é preguiçoso. Seu carro está bagunçado? Você é preguiçoso. Não foi trabalhar? Preguiçoso!
Mas: o que é preguiça? Não querer fazer alguma coisa?
Se seu filho não lavou a louça porque passou mal, ele é preguiçoso? Se você não foi trabalhar porque está profundamente deprimido, você é preguiçoso?
Todos nós podemos não sentir vontade de fazer certas coisas, pelos mais variados motivos.
Abaixo, estão alguns desses motivos. Um conhecimento maior sobre a motivação humana nos revela verdades ocultas por trás do (infeliz) termo preguiça (veja também o que já escrevi em “Preguiça não existe – um outro olhar sobre a procrastinação”).
1. Falta de sentido
Nossa motivação está sempre ligada às perguntas: o que vou conseguir fazendo isso? Onde esta ação vai me levar?
Quanto mais itens pudermos colocar nessas respostas, mais aquela ação faz sentido. Logo, maior a motivação e a chance de nos dedicarmos a ela.
Por exemplo, se seu trabalho diário é excitante e faz você se sentir útil / importante, sair de casa é muito mais fácil do que para alguém cujo emprego é entediante, e que tem no sustento financeiro sua única motivação.
Uma regra importante da motivação, que seguimos de modo inconsciente, é: se algo não faz sentido, não vale a pena. Isso vale para trabalho, a relações amorosas, amizades, entretenimento etc.
Para saber o que faz sentido para você, é preciso entender para onde você quer ir, quais são seus valores e o que é importante para você. Aproximar-se daquilo que torna sua vida mais significativa.
2. Perfeccionismo
Muitas pessoas acham que autocrítica e autocobrança lhes ajudam a ter melhor desempenho em tarefas. Mas o efeito pode ser contrário.
O desejo obsessivo de fazer as coisas sempre de um jeito “perfeito” pode alimentar procrastinação e desistência. Conheci uma pessoa que deixou de concluir uma pós-graduação porque perdeu todos os prazos de entrega do seu TCC (trabalho de conclusão de curso). O mais triste é que o trabalho estava pronto, mas ela não conseguia entregar, achando que não estava bom o suficiente e sempre havia algo que precisava melhorar.
Mais vale desenvolver autocompaixão pelas próprias dificuldades e imperfeições. Há uma frase que diz que “feito é melhor que perfeito”. E outra diz que “o ótimo é inimigo do bom”.
3. Dificuldades no ‘funcionamento executivo’
Dificuldades no funcionamento executivo são características pessoais que dificultam a realização de tarefas. Por exemplo, incapacidade de planejar, de manter o foco, de saber por onde começar etc.
Hoje existem ferramentas digitais e físicas que ajudam bastante nessa questão. Planejadores, agendas e aplicativos podem ser úteis. Encontrar alguém para lhe acompanhar na execução ou fazer uma tarefa semelhante ao seu lado também pode ser interessante.
4. Sentir-se sozinho
Somos seres sociais. Para estarmos motivados, precisamos de um senso de conexão com outras pessoas. Pessoas que vivem isoladas têm mais chance de se acharem “preguiçosas”.
Reconectar-se com amigos e familiares ajuda a refazer sua rede social. Você também pode se aproximar de pessoas como vizinhos e colegas de trabalho, ou procurar organizações em sua comunidade.
5. Falta de Energia
Talvez você se sinta cansado para fazer qualquer coisa, mesmo sem muito esforço físico ou mental, e mesmo dormindo o suficiente.
Nesse caso, é importante procurar um médico. Existem várias causas físicas para a baixa energia, como desequilíbrio hormonal, carência de vitaminas e até efeitos colaterais de medicamentos.
Causas psicológicas também podem estar na origem da falta de energia. Depressividade e ansiedade, por exemplo, levam a quadros de desânimo e desmotivação. Por isso, a procura a um psicólogo é igualmente importante.
Há muitas razões pelas quais deixamos de fazer certas coisas. Preguiça não é uma boa explicação. Determinar o que está por trás da sua falta de vontade é o primeiro passo para resolver o problema.
Por fim, o processo psicoterapêutico pode ajudá-lo a identificar suas fragilidades e descobrir as estratégias que funcionam melhor para você.
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