Palavras-chave: músicas; adolescência; humor
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 23 de outubro de 2023
Você está dirigindo para casa, cansado e estressado por conta do trabalho, do trânsito e dos boletos. Ainda precisa chegar e preparar algo para jantar…
Mas, de repente, o rádio começa a tocar os primeiros acordes daquela música que você ama desde a adolescência. Quase automaticamente, sua mão corre para aumentar o volume, um sorriso aparece no seu rosto e seus lábios começam a cantar.
Você se sente energizado como no passado.
As músicas de nossa adolescência
Quando ouvimos uma música que é muito significativa para nós, algo intenso acontece. Uma reação física – o sistema nervoso libera dopamina e serotonina, neurotransmissores do bem-estar e do prazer – que provoca uma reação psicológica correspondente.
Essas músicas, principalmente as de nossa juventude, fazem parte de nossas memórias mais fortes e profundas.
Basta um riff de abertura, o primeiro verso, e nos sentimos de volta a um tempo em que a vida era mais tranquila, e que muito ajudou a moldar nosso eu atual.
Muitas vezes, alguém com Alzheimer ou outros tipos de demência, mesmo tendo perdido a noção de onde ou com quem está, consegue se lembrar da melodia ou da letra de músicas significativas com as quais cresceu.
Um exemplo
Certa vez, li o relato de uma musicoterapeuta que trabalhava em um hospital, e foi convidada pela equipe de saúde a visitar uma idosa que estava internada com quadro de confusão mental e agitação. A senhora não entendia por que estava ali e queria ir embora, chegando a arrancar a agulha do acesso em seu braço. A terapeuta começou a cantar uma música calma, que fizera muito sucesso na época em que a paciente era adolescente. Em pouco tempo, a senhora idosa estava calma e perdida em pensamentos distantes.
Quando a música terminou, disse à terapeuta que aquela era a canção que tocava quando conheceu o marido.
Essa memória musical era tão forte que, apesar da demência, foi capaz de alterar de forma instantânea o humor daquela mulher.
Todos temos uma “trilha sonora” de quem somos e de quem nos tornamos. Como uma obra cinematográfica, essa “trilha sonora” nos identifica e marca. Mais que isso, nos faz sentir bem. É um porto seguro que está lá sempre que precisamos. Quando precisamos de ânimo ou queremos refletir sobre a vida.
Em resumo, músicas antigas tornam nossas vidas atuais mais gerenciáveis.
O efeito de músicas novas
No entanto, embora haja conforto no que já conhecemos, também há algo excitante e instigante em descobrir músicas novas (recém-lançadas ou apenas novas para você).
Além disso, nos abrindo ao novo obtemos outras perspectivas sobre gerações e culturas diferentes.
E mais: também libera dopamina em nosso cérebro. É fácil descobrir novas músicas atualmente. Você não precisa escutar apenas o que está mais aparente na mídia, se não quiser. Pode entrar em uma playlist do Spotify / Deezer / Amazon dentro de suas preferências de gênero ou pedir a alguém para recomendar algo.
Música e Conexões Sociais
A música pode ser um ótimo elo social. Todos temos nossas preferências, músicas de que nos orgulhamos de ter “descoberto”, bandas que gostamos e poucos conhecem.
Você pode pedir que alguém em cujo gosto musical você confia recomende um artista ou compartilhe uma playlist com você. E pode, em troca, oferecer algo dos seus favoritos.
Se fizer isso com colegas que você ainda não conhece tão profundamente, mas sente certa afinidade, criará uma boa oportunidade de aprender sobre eles. Neste mundo tão individualizado, a música ainda é uma importante forma de conexão humana.

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