Palavras-chave: esquizofrenia; inteligência artificial
Por Psicólogo Rodrigo Giannangelo | Publicado em 30 de outubro de 2023
Um estudo recente mostrou o potencial do uso da inteligência artificial (IA) para detectar sinais de esquizofrenia na fala de pacientes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 24 milhões de pessoas vivem com o transtorno em todo o mundo, o que a coloca entre as 15 principais causas de incapacidade.
A esquizofrenia é um transtorno crônico caracterizado por problemas de identidade, alucinações, crenças delirantes, distúrbios na percepção, comportamento e pensamento. O termo esquizofrenia vem do grego “schizo” (divisão) e “phren” (mente), se referindo à dificuldade de integração do ‘eu’ desses pacientes, e foi cunhado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857-1939).
De forma resumida, a estrutura da nossa mente se baseia em representações internas que codificam o mundo. Na personalidade esquizofrênica, essa estrutura mental é desorganizada, e isso se reflete em tais representações conceituais.
Esquizofrenia e fluência verbal
O estudo envolveu 52 participantes, metade dos quais tinha diagnóstico de esquizofrenia, solicitando que realizassem duas tarefas de fluência verbal, de cinco minutos cada. A primeira tarefa pedia que os participantes nomeassem o maior número possível de palavras pertencentes à categoria “animais”; a outra tarefa consistia em nomear o maior número possível de palavras que começassem com a letra P.
A ideia dos pesquisadores foi testar se uma IA poderia prever quais palavras seriam fornecidas pelos participantes e avaliar se haveria diferença nessa previsibilidade entre pessoas com e sem esquizofrenia. A hipótese era de que as respostas fornecidas por pessoas com o transtorno seriam menos previsíveis para a IA.
Resultados
De fato, as respostas do grupo-controle (pessoas sem esquizofrenia) foram mais previsíveis para a IA do que as produzidas pelos participantes com esquizofrenia. Quanto mais grave a esquizofrenia, maior a diferença na previsibilidade.
As palavras dos pacientes esquizofrênicos eram menos guiadas pela semântica (significados das palavras), o que denotaria menor organização conceitual.
Portanto, o estudo sugere que a dificuldade da IA em prever o comportamento verbal na execução de certas tarefas pode ser indicativa de esquizofrenia.

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